A guerra da informação durante e sobre a pandemia do novo coronavírus serve para outras coisas além de mostrar com clareza cristalina quem está atento ao desastre sanitário e quem, por outro lado, só quer saber da registradora parada há meses. Um Júnior Durski dizendo que sete mil mortes são aceitáveis e um Luciano Hang vendendo gêneros alimentícios para tornar a Havan atividade essencial são a cara deste país. Ambos empresários de sucesso, “self-made men” apoiadores de Bolsonaro desde o financiamento das redes de kits gays e mamadeiras de piroca na campanha eleitoral de 2018. Como diversos outros, Flávio Rocha da Riachuelo, Sebastião Bonfim Filho da Centauro e Edgar Corona da Smart Fit são exemplos de estratégia de negócio ruim, ideológica e não comercial, que normalmente redunda em prejuízo.
Esses empresários de fundo de quintal que cresceram à base da exploração do trabalho, aviltamento salarial, ameaças e perseguições são pessoas que jamais pregaram um prego numa barra de sabão e nem se arvoram a posar de homens de negócios na economia nacional. São párias, parasitas, mamadores de tetas oficiais e oficiosas, zeros à esquerda na escala de valores humanitários. Foi esse tipo, esse naipe, essa laia de gente que entronizou Jair Bolsonaro na presidência da república. Por que? Não queriam mais o PT? Não gostavam de pobre em aeroporto? Não aceitavam negro na universidade? Não aguentavam mais o Brasil fora do mapa da fome?
Por isso e mais elegeram o troglodita defensor da tortura e da morte, o miliciano que desenha arminha nos dedos, amigo do Queiroz, vizinho do Lessa, aquele que matou a Marielle com o outro Queiroz, o Élcio, chegado no Adriano que foi morto na Bahia pela “polícia petista”. O da “fraquejada”, o que não estupra mulher feia, que chama a mulher do francês de baranga, mocreia, bruxa e cruz-credo. O que casou com a moça pobre da Ceilândia que zanzava pelos gabinetes de deputados no Anexo IV à procura de emprego sem ou com “rachadinha”.
Este personagem político é o que os “de cima” reservaram para o nosso presente: um bronco, iletrado, grosso e de mau gosto, que come pizza em Osaka e prepara miojo no hotel suíço. Que faz graça para fotos à frente do Taj Mahal. Perfeito para a elite dona do Brasil que só quer queimar a mata, vender soja e milho, mandar carne para a Ásia e explorar os minérios em paz. Só que a coisa não funciona mais assim, valia na metade do século passado, antes da consciência planetária, sim, do planeta Terra, terceiro de quem vem do sol, bem entre a Estrela Dalva e os marcianos verdes. É aí que o barco faz água, como de resto o mundo capitalista que financia a brincadeira.
“Our man in Brazil” é um desastre miserável, é mesmo o reflexo torto do idiota em Washington, bufão, histriônico, bravateiro…oh, Pai, dai-me adjetivos adequados! A derrocada de Trump em novembro próximo diante de Biden será um importante evento para a o futuro da marionete brasileira que grita “I love you” à sua passagem superior, indiferente. Mas que ninguém se empolgue com o velhinho democrata, ele não passa de um democrata americano, também quer derrubar o Maduro, esmagar mais ainda Cuba e colonizar o Brasil até os pentelhos do cu, usando expressão cara ao Olavo, o Grande Timoneiro do Brasil atual.
Engraçado é que comecei este texto a propósito do afastamento do advogado Marcelo Feller do programa Grande Debate da CNN Brasil, por incompatibilidade ideológica com a linha editorial da emissora que é fake da original norte-americana. Ele dizia do genocídio que a omissão do presidente da república provoca e incentiva na pandemia em frente ao menino tipo Mário Frias que faz as vezes de apresentador. Acabou desconvidado (verbo típico do despaís) a participar de desedições vindouras. Fiquei matutando como é irônica a história. A CNN dos Estados Unidos é trincheira da liberdade de expressão, mas a filial brasileira é uma espécie de Fox tupiniquim, lobo-guará, quem sabe.
E se o Zé Baiden ganhar em novembro, muita coisa vai mudar nas relações bilaterais com o Brasil e com o resto do mundo. É por isso que o ex-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, aconselha Bolsonaro a “abrir linha de comunicação” com os democratas americanos, se quer mesmo sobreviver a Trump. Senão, que volte para a cloroquina e seja feliz.