Prevista para o dia 3 de agosto, a reabertura das escolas públicas no Rio de Janeiro tem provocado reações nas mães desses alunos. O retorno nas pré-escolas e turmas de 1º e 2º anos estava previsto para a última sexta-feira, 17 de julho, porém de acordo com o prefeito Marcelo Crivella não há consenso entre as redes pública privada.
Nayara Rodrigues tem 22 anos, mora na Pavuna e tem dois filhos, Arthur Luiz, de 3 anos e Eloá Vitória, de 9 meses. Arthur estuda em um colégio particular pequeno do bairro e com a pandemia a mãe não vê necessidade de voltar às aulas nem crê que seja possível recuperar o tempo parado. “Para mim o ano já acabou há muito tempo”, lamenta Nayara.
Moradora do Morro do Turano, Marcela Chaves, de 29 anos, tem um filho de 7 anos que está na 2ª série e é estudante de colégio público. Segundo ela, não deve haver volta às aulas porque as crianças não ficarão com a máscara no rosto e, como Nayara, ela considera o ano letivo perdido:
“Sem estudo online, quando posso passo uns trabalhos pra ele, mas o ano ficou perdido, na minha opinião eles devem reprovar todo mundo. Eu já falei que ano que vem meu filho vai fazer a 2ª série novamente”, opina. Conversando com outras mães na mesma situação, Marcela constata a maioria queria que as escolas poderiam passar uma prova no final do ano, para que o ano letivo não seja jogado fora.
Para Aline Priscila, moradora da favela Paula Ramos, no Rio Comprido, e com duas filhas na escola pública, uma de 9 anos e outra de 2 anos, ainda não é o momento de as aulas voltarem. As meninas estão sem aula online e ela acredita que não há mais condição de salvar o ano letivo.
Leandra Bento, tem 37 anos é moradora do Turano e tem quatro filhos, todos em idade escolar. Sua filha de 9 anos está no 4º ano, a de 12 anos no 6º ano, o filho de 15 anos está no 9º ano e a de 17 anos no 3º ano do ensino médio. Na sua opinião, o ano letivo acabou: “Se já era difícil aprender entre março e dezembro, que dirá de agosto a dezembro!”.
“Meu filho vai acabar o fundamental e não aprendeu nada do 9º ano e minha filha vai terminar o ensino médio sem ter aprendido nada do 3º ano”, diz. Seus filhos também estão sem aula online. “Voltando as aulas meus filhos vão perfeitamente, porque já fazemos tudo normalmente, só que agora usando máscaras na rua”.