Ódio Religioso em tempo de Pandemia é tema do 2º Ebó Coletivo

Cartaz do 2º Ebó Coletivo. Crédito: Divulgação

Será realizado na próxima segunda-feria, 27, o 2º Ebó Coletivo em live pelo Facebook, com início às 19 horas e o tema “Ódio Religioso em tempos de pandemia”. Trata-se de um encontro de ligação dos pensamentos e intenções, para fortalecer em massa ao mesmo momento, a espiritualidade e ancestralidade para edificação das lutas e combate em unidade dos males da humanidade. “A união do nosso povo é um dos ebós mais poderosos que existem!”, pregava Makota Valdina, pesquisadora e ativista contra a intolerância morta no ano passado aos 75 anos em Savador.

Mesmo em um estado laico pautado, portanto, pelo respeito à diversidade religiosa e suas representações simbólicas e culturais, os crimes em consequência do racismo e do ódio religioso só crescem. De acordo com a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial da Bahia (SEPROMI), nos últimos anos houve um aumento de 124% nos crimes de intolerância religiosa. No Brasil, houve o aumento de 67,7% nas denúncias, segundo o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.

Na manhã do último dia 15, por exemplo, pela segunda vez o busto de Mãe Gilda de Ogum, no Parque do Abaeté, foi depredado. E antes, em 12 de junho, o Terreiro Ilê Axé Icimimó Agunjí Didê, em Cachoeira, no Recôncavo, pela quarta vez foi invadido, atingido por tiros e teve objetos sagrados quebrados por homens armados que, segundo o Pai Duda de Candola, “são funcionários da empresa Penha Papéis e Embalagens”. No início deste ano houve também a depredação do recém-inaugurado monumento em homenagem a Mãe Stella de Oxóssi.

No último dia 6 de julho, funcionários da prefeitura de Lauro de Freitas em um ato de racismo institucional e religioso se negaram a entrar no Terreiro Oyá Matamba para realizar um serviço público em um córrego que passa na área interna da roça. Cotidianamente agridem o Santuário da Pedra de Xangô com quilos de sal.

Nessa perspectiva, o cenário atual de crescentes ataques às tradições de matriz africana estimula a articulação política como forma de resistência na defesa da liberdade de culto e preservação da cultura e da tradição.

Nesta segunda edição, o Ebó Coletivo terá a presença da yálorixá do Ilê Axé Abassá de Ogum Jaciara Ribeiro; do advogado, mestre e doutor em direito (PUC-SP) e coordenador da Instituição Nacional de Defesa das Religiões de Matrizes Africanas (IDAFRO), doutor Hédio Silva; da promotora de justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (GEDHDIS) – Ministério Público da Bahia Lívia Santana e Sant’Anna Vaz, com mediação de Valter Salles, estudante de letras pela UNEB e integrante da Frente Nacional Makota Valdina.

Para acompanhar é necessário acessar o link: https://bityli.com/RJMwN

Artigo anteriorSão Paulo adia carnaval e cancela Parada Gay e Fórmula 1
Próximo artigoOperação com policiais de cinco batalhões causa uma morte em Belford Roxo
Valdeck Almeida de Jesus
Valdeck Almeida de Jesus é jornalista definido após várias tentativas em outros cursos, atua como free lancer, reconhecendo-se como tal há bastante tempo. Natural de Jequié-BA (1966), e escreve poesia desde os 12, sendo este o encontro com o mundo sem regras. Sua escrita tem como temática principal a denúncia: política, de gênero, de raça, de condição social, de preconceitos diversos: machismo, homofobia, racismo, misoginia. Coordena o movimento “Galinha pulando”, o qual pode ser visto no blog, no site e nas publicações impressas. Este movimento promove anualmente um concurso literário, aberto a escritores(as) do Brasil e do exterior. A poesia lhe trouxe o encantamento, mundos paralelos, as trocas, a autocrítica, a projeção de si e de outro(s), maior consciência de classe e de coletivo. Espera que as sementes plantadas se tornem árvores, florescendo e frutificando em solos assaz diversos. Possui 23 livros autorais e participa de 152 antologias. Tem textos publicados em espanhol, italiano, inglês, alemão, holandês e francês. Participa de vários coletivos da periferia de várias cidades, bem como de algumas academias culturais e literárias.