Dos 15 livros mais vendidos no Brasil de 23 de março até 12 de julho, durante a quarentena, 10 são de autoajuda, sobretudo financeira e dois são de ficção e escritos pelo britânico George Orwell nos anos 1940. O ranking dos livros mais vendidos foi feito pela Nielsen a pedido do Estadão e mostra o brasileiro Thiago Nigro no topo, com Do Mil ao Milhão Sem Cortar o Cafezinho.
Apenas três livros foram escritos por mulheres só um é recente, do fim de 2019: Pequeno Manual Antirracista, de Djamila Ribeiro, cujas vendas têm sido impulsionadas pelos debates e protestos que se seguiram ao assassinato de George Floyd no Estados Unidos.
O editor Emilio Fraia, da Companhia das Letras, credita a redescoberta de 1984 e de A Revolução dos Bichos, obras de George Orwell e únicas ficções no ranking de 15, ao debate sobre as fake news: “Orwell acreditava que se não fosse combatido, o totalitarismo poderia triunfar em qualquer parte. E hoje nós o lemos também em busca de suas reflexões sobre o apagamento da verdade.”
Acrescente-se a isso, o avanço dos ataques à democracia em todo o mundo, baseados na supremacia capitalista e na afirmação do indivíduo sobre o coletivo, do egoísmo sobre a solidariedade, da pandemia do novo coronavírus sobre a vida em várias nações, como os Estados Unidos e o Brasil, para ficarmos nos mais óbvios e próximos.