Diversas organizações se reuniram ontem na sede da associação de moradores da Providência para apoiar os familiares dos três jovens que foram seqüestrados pelo Exército e entregues a uma facção rival daquela comunidade para serem torturados e assassinados. O grupo estará apresentando uma carta aberta ao Presidente Lula, assinada por diversas entidades, pedindo a retirada total e imediata do Exército do morro da Providência.

 O advogado dos familiares, João Tancredo, durante a sua fala afirmou ter tomado conhecimento que o Exército tem imposto à comunidade toque de recolher. Entre várias declarações de apoio e relatos emocionados, um chamou atenção de todos. Uma senhora da comunidade disse: “Não merecíamos isso… eles podem pegar o material de construção deles e irem embora daqui!” Outra moradora afirmou: “A violência é sempre a mesma, só muda a farda!”.

Mauricio Campos da Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência ressaltou a importância de manter a comunidade unida e mobilizada. Além das organizações de Direitos Humanos presentes, participaram do encontro diversos sindicatos de trabalhadores, entre eles SINDSPREV e Sindicato dos Bancários.

A Comissão de Direitos Humanos da ALERJ realizará uma audiência publica na segunda-feira para apurar o caso. O presidente da Comissão, deputado Alessandro Molon, esteve essa semana na comunidade para conversar com familiares e prestar solidariedade. Outros políticos têm subido a Providência para manifestar apoio, porém os familiares temem o uso eleitoral do fato ocorrido.

Um senhor da comunidade que foi procurado por uma das mães no dia do seqüestro dos jovens para ajudar a encontrá-los, contou como foi o telefonema que deu para o celular de um dos rapazes: “Liguei para o celular e o cara que estava do outro lado colocou para eu ouvir os meninos sendo torturados, foi terrível!” Quando saímos da casa desse morador observamos cartazes colados nas paredes, confeccionados pelos próprios moradores, convocando a população para assistir no FANTÁSTICO desse domingo a história.