Em menos de uma semana, três MCs de João Pessoa foram mortos, dois deles assassinados. No dia 4 de agosto foi realizado um ato público como forma de protesto contra as mortes de jovens integrantes do movimento Hip Hop Paraibano. O ato foi na região Lagoa, local tradicionalmente conhecido pelos adeptos da cultura de rua em João Pessoa, onde ocorrem vários eventos culturais.
Em 24 de julho, o corpo de Johnatan Felipe foi encontrado no Bairro das Indústrias, em João Pessoa, com marcas de tiro em várias partes, além ter sinais de tortura e estava com os braços amarrados. Ele foi sequestrado da casa da mãe onde morava, era pai de dois filhos e estudava administração. No dia 28 de julho, Gacsiliano Leite Lima, Gacs MC, levou 9 tiros perto de casa, no bairro de Castelo Branco, na cidade de Santa Rita. Ele era natural de São Paulo e tinha um filho. Foi um dos idealizadores da Batalha da Lagoa, uma das primeiras no estado da Paraíba.
Os autores dos disparos ainda não foram identificados. Na mesma semana, o corpo de Mezak Queiroz, o MC Loco, que estava desaparecido desde a data do primeiro crime, foi identificado no Hospital de Emergência e Trauma, com vários ferimentos e marcas de atropelamento. Todas as vítimas era atuantes dentro da cultura Hip Hop.
De acordo com integrantes do movimento Hip Hop Paraibano, responsáveis pelas eventos culturais e as batalhas de MCs, as mortes estão relacionados a perseguição porque a maioria das músicas expressam a violência policial sofrida por moradores das periferias.
Os eventos comunitários de música e arte acontecem sempre nas praças públicas. Os participantes denunciam que as ameaças sempre aconteceram, mas eles não tinham ideia de até onde isso pudesse chegar. Os assassinatos Os casos mais recentes foram registrados em julho e agosto e podem ter relação com as milícias da Região Metropolitana de João Pessoa que disputam o controle de bairros e comunidades.
Um documento assinado por diversos movimentos sociais, coletivos e partidos da Paraíba e mais seis estados, como Rio Grande do Norte, São Paulo e Ceará, foi divulgado na última quinta-feira, 6, denuncia o tratamento e as violências que a população da favela está passando na Paraíba, em meio à pandemia de Covid-19. Além disso, o manifesto ressalta as atuações violentas que aconteceram em alguns eventos da cidade e reafirma uma possível intenção de desestruturar e desarticular o movimento do Hip Hop Paraibano.
“Existe um medo hoje de vários membros de batalhas dentro das periferias e muitas desses membros estão fazendo a mesma coisa que eu fiz, estão saindo da capital (…) A gente tá tentando se eximir, ficar vivo, pra não acabar nossa história, pra gente continuar fazendo nossa revolução com nossa cara”, disse um dos membros que saiu da cidade por questão de segurança e prefere não se identificar.
Segundo a Polícia Civil, os casos estão sendo investigados.