Desde que foi inaugurado, em 28 de maio de 2008, o Plano Inclinado do Morro Santa Marta, localizado no bairro carioca de Botafogo, vem funcionando sem itens de segurança importantes para os usuários. Segundo a Associação de Moradores do Morro de Santa Marta (AMMSM), o equipamento necessita das seguintes intervenções: melhoria nos guarda-corpos (cercas de proteção no entorno das estações); iluminação nas escadas de emergência dos bondinhos; cobertura (toldos) de proteção para sol e chuva nas estações dos cinco níveis do plano inclinado.

 A Associação já procurou algumas vezes o responsável pelo sistema, a Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop), e alertou o órgão público sobre a necessidade destas melhorias. A última solicitação nesse sentido foi feita há oito meses, por meio de ofício assinado pelo presidente da AMMSM, José Mario Hilário, e reivindicava as intervenções já mencionadas.

Com exceção da estação térrea, que conta com grades cobrindo os vãos das cercas, as demais estações do plano inclinado têm essas áreas de proteção vazadas, o que representa risco para as crianças que circulam no local. Sobretudo no terceiro nível, onde a 50 metros funciona uma creche com 79 crianças matriculadas. As cercas próximas à entrada dessa creche, aliás, também são vazadas.

“Pedimos as melhorias para tentar prevenir possíveis acidentes. Caso aconteça algo, o que podemos dizer é que nós já tínhamos avisado os responsáveis com antecedência. As cercas atuais não protegem as crianças. Além disso, suponha que o bondinho sofra uma paralisação à noite em razão de algum pane eventual. Pois nesse caso não existe iluminação nas escadas de emergência, o que torna arriscada a saída dos passageiros”,  declarou Hilário.

 O presidente da AMMSM revelou também ter conversado com o vice-governador Luiz Fernando Pezão: “Cheguei a falar por telefone com o vice-governador sobre nossa situação, e a resposta dele é que não tinha agenda para receber nossa comissão”, denunciou o líder comunitário.

 Moradora da comunidade há 48 anos, a assistente de departamento pessoal Aparecida Gonçalves também pede melhoria no serviço: “É claro que o plano inclinado melhorou bastante a vida dos moradores, mas acho que o serviço é ruim e os funcionários poderiam ser mais bem preparados. Mas aos finais de semana, quando recebemos visitantes e turistas, tudo funciona a mil maravilhas”, ironizou.

 Já o entregador de farmácia Sergio Luiz de Souza, que há vinte anos mora no Santa Marta, está satisfeito com o serviço: “Os idosos, por exemplo, antes tinham que contar com a ajuda de familiares e amigos ou pagar carreto para subir com as compras do mercado; agora, essa carga pesada pode subir pelo bondinho. Melhorou bastante nosso deslocamento”, faz questão de dizer.

 Emop reconhece problemas, mas não considera prioridade obras de melhoria da segurança do plano inclinado

Por intermédio da assessoria de imprensa, a Emop respondeu à reportagem do Mobilize que está estudando, em ordem de prioridades, os melhoramentos solicitados pela associação de moradores, e até buscando parceria com órgãos públicos municipais para realizar ações. Mas, prosseguiu o órgão, as medidas de seguranção estão sendo consideradas dentro de uma série de outras intervenções sociais, e não são prioridade. A preocupação atual, destacou o órgão, é realocar, com novas moradias construídas na comunidade, 64 famílias que vivem em área de risco diagnosticada pela GeoRio. As obras citadas, segundo a Emop, fazem parte da segunda etapa das intervenções na comunidade que, somadas, significam mais de R$ 60 milhões em benfeitorias.

O Plano Inclinado do Santa Marta tem cinco estações, compreendendo um trajeto de 540 metros de extensão, que são percorrido em cerca de dez minutos. A viagem é feita em duas etapas. Um bondinho se desloca da primeira à segunda estação, onde o passageiro faz o transbordo para um segundo veículo, que segue até à quinta estação. A capacidade de transporte é de 20 pessoas por bonde, além de depósito para cargas e lixo na sua parte traseira. Acessível também a portadores de necessidades especiais, o serviço é gratuito e funciona diariamente, das 6h às 23h, exceto em períodos destinados à manutenção dos bondinhos (realizada às segundas e terças-feiras, em horários de menor movimento).

Fonte: Mobilize