Embalado pelos seguidos números de pandemia em baixa na cidade, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, se entusiasmou em live que fez nesta segunda-feira, 17: “Por que um professor de 20, 30 anos e sem comorbidades não pode trabalhar? E uma merendeira de 20, 30 anos não pode trabalhar?” Indagou em uma manobra retórica que situa a paralisação das escolas no âmbito sindical da esquerda.
“Desde o início, queria deixar o refeitório aberto. Mas, infelizmente, o Ministério Público, os sindicatos e a Justiça fecharam os refeitórios das nossas criancinhas. Mas a gente sabe que as crianças não têm risco nenhum, no mundo inteiro”.
Por meio de nota, a prefeitura do Rio salienta defender a reabertura somente dos refeitórios, não havendo previsão para a volta às aulas na rede pública da cidade. O município afirma que a medida proporcionaria oferecer “alimentação de qualidade, incluindo proteínas”, pois são alimentos que “não podem constar em cestas básicas”.
A live foi um dia depois de o prefeito criticar a aglomeração em bares por jovens. A crítica de Crivella não foi pelo risco de vida dessa faixa etária, e sim do grande risco de eles transmitirem a Covid-19 para outras pessoas:
“Faço um apelo para os jovens não se aglomerarem. Às vezes, falta sentimento de altruísmo e responsabilidade social ao carioca, mas precisamos entender que a carga viral baixa é o maior patrimônio da cidade hoje. Com isolamento e medidas de higiene, vamos manter assim. O que cresceu? Jovens de 20 a 30 anos. Por que cresceu? Porque eles são os que mais se expõem, não usam máscaras, vão para as aglomerações, as praias, os bares e aí passaram a todos. Hoje quem mais aparece em postos de saúde do município com síndrome gripal são os jovens”.
Antes, na mesma live, Crivella usou o mesmo argumento da fé religiosa que muitas pessoas empregam quando questionadas sobre não seguirem as determinações sanitárias de prevenção à Covid-19: “Eu sou grupo de risco, eu deixei de trabalhar um dia? E Deus não me protegeu?”