Veio-me a notícia num jornal que a Academia Brasileira de Cinema (ABC) se estabeleceu oficialmente como a única a ter a autoridade dada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA (AMPLA, sigla em inglês), de escolha do filme brasileiro a concorrer na busca de uma vaga, para então, disputar o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar.
Outro jornal aprofundou otimista que essa escolha já não é uma atribuição, desde 2016, da Secretaria do Audiovisual, anteriormente associada ao Ministério da Cultura, que já nem existe. Descreve explicitamente o caso que se tornou polêmico, naquele mesmo ano, de filme premiado com inclinações e atitudes políticas contra o governo da época, governo Temer, que naturalmente selecionou ao Oscar, outro filme brasileiro, na tão aclamada busca de uma única vaga, histórica e não pouco gloriosa, tentativa ansiosa de todos os anos, para disputar entre os estrangeiros, um prêmio de melhor filme.
Um terceiro jornal afirma que o cinema brasileiro e, ainda mais que isso, que essa entidade que poucos conseguem definir mas que defendem sem saber o porque, protetora de uma identidade que muitos orgulhosamente chamam de cinema nacional, no ano seguinte a essa confusão, após acordos, a Academia Brasileira de Cinema, seria então responsável por uma comissão, ainda naquela época, sob supervisão da Secretaria. Em vista de seguir essa jornada, que é da esperança de vencer pela primeira vez, como fosse um projeto de desenvolvimento do cinema nacional, depois de uma única vaga.
E durante esses dias, estampada em muitas redes sociais e em destaque, sem freio algum, espontaneamente se repete e se compartilha que a então pouco conhecida Academia Brasileira de Cinema (ABC), teve o privilégio de ser reconhecida como a única e oficial, a poder enviar um filme brasileiro para então depois, concorrer na busca de uma tão desejada vaga, dada a estrangeiros, pela indústria daquele país.
Como seria imprudente deixar escapar, que, entre os escolhidos da comissão para tal concorrida vaga, metade dos integrantes da Academia Brasileira de Cinema, apesar de brasileiros, também são membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA. Tudo isso, ironicamente, para se ter independência e soberania da decisão de um governo como o atual, que, declaradamente é contra as artes e a cultura, como naturalmente é contra a soberania de seu cinema e de seu país.
Em suma, o que os jornais e os entusiastas não dizem é que, o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, caso viesse não traria nada, absolutamente nada ao cinema brasileiro. Apenas um subalterno orgulho temporário de uma elite branca, dita esclarecida, que pouco faz para pressionar o funcionamento da Ancine – Agência Nacional de Cinema (forma de democratização do cinema no Brasil, completamente aniquilada, à anos). Mas, contudo ainda consegue, de alguma forma, fazer cinema nesse país, para enfim, concorrer a uma única, uma única vaga, na disputa de Melhor filme Estrangeiro daquele país.