A taxa de transmissão do novo coronavírus voltou a subir novamente no Brasil e hoje está em 1, ou seja, cada infectado transmite a doença para alguém, mostra relatório semanal do Imperial College London divulgado nesta segunda-feira, 24.
Na semana passada a taxa estava em 0,98. O patamar abaixo de 1 pela primeira vez desde abril indicava desaceleração do contágio no país: cada grupo de 100 infectados transmitia o novo coronavírus para 98 pessoas, e assim sucessivamente. Não era muito diferente da taxa de 1, mas sinalizava tendência de redução da contaminação ao longo do tempo, revertida agora, segundo o Imperial College.
Segundo o relatório, os dados levam em conta a mediana das estimativas de mortes na comparação das duas semanas. Pelas estatísticas, essa taxa pode ser ainda maior (até 1,12) ou menor (até 0,93). A atualização desta semana se refere a números totalizados no domingo, 23.
O relatório do Imperial College London pondera que os números sobre o Brasil vêm passando por mudanças na maneira de divulgação e que, portanto, os resultados precisam ser interpretados com cautela.
De acordo com o consórcio de veículos de imprensa, o Brasil registrava mais de 115 mil mortes por Covid-19 até a noite desta terça-feira. O total de casos acumulados do novo coronavírus passava de 3,6 milhões.
Embora a média móvel de óbitos por coronavírus no país permaneça no formato de um platô, a pandemia sinaliza um tímido arrefecimento desde o início do mês. Nesta terça-feira, a média móvel foi de 950 mortes, a menor desde 1º de junho.
No plano interno brasileiro, o estado do Rio de Janeiro, com uma população de 17,2 milhões de habitantes e mais de 15 mil mortes, se equipara às regiões muito abaladas pela pandemia, como a Lombardia, na Itália. Epicentro da Covid-19 no país europeu, a Lombardia tem 10 milhões de habitantes e registrou 16.857 mortes.
Nova Jersey, nos EUA, com 8,8 milhões de habitantes, registrou 15.953 mortes. Em Nova York, onde a doença foi avassaladora, o coronavírus já matou 32.891.
Para o infectologista Mario Roberto Dal Poz, professor do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o estado deixou de fazer o que a comunidade científica considera primário no controle de doença: identificar, isolar e monitorar os contaminados: “O foco aqui foi a construção de hospitais, que hoje nem funcionam mais. Só que isso não é tudo. Não houve coordenação sanitária”, disse o médico, que deixou o comitê científico que assessora o governo estadual após os escândalos de corrupção na Saúde.
Levantamento do grupo de estudos Covid-19 Analytics, formado por professores da PUC-Rio e da Fundação Getulio Vargas (FGV) e que leva em conta o número de óbitos por milhão de habitantes, aponta o Rio em segundo lugar num ranking apenas de países. Em primeiro lugar, está San Marino. “A gente levou em conta o dia epidemiológico de cada país para conseguir comparar no exato momento da pandemia”, explica Marcelo Medeiros, professor de economia da PUC e coordenador da equipe.