Além de usar lan house a comunidade pode usar celulares com 3G, podendo responder à pesquisa pelo celular 

Um sistema desenvolvido pelo Centro de Tecnologia e Sociedade (CTS) da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas (FGV Direito Rio) promete mudar as pesquisas na área social. Os resultados do programa piloto, feito com moradores da Cidade de Deus, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, foram divulgados na última sexta-feira (26).

De acordo com Ronaldo Lemos, coordenador do CTS-FGV, a ideia é revolucionar o sistema de pesquisa usando a tecnologia e a internet. “A gente primeiro estudou como era toda a questão da presença da tecnologia na Cidade de Deus. Então viu que as lan houses têm uma presença importante lá. Hoje há até um declínio das lan houses nas comunidades, por causa do celular. Então, além de usar a lan house como um lugar onde as pessoas podiam ir para responder à pesquisa, a gente usou também celulares com 3G, inclusive com as pessoas participando nas ruas, podendo responder à pesquisa pelo celular e parcerias com instituições locais”.

Segundo Lemos, todo o trabalho preparatório durou três meses, tempo necessário para desenvolver o que seria perguntado na pesquisa e como seria a estratégia para entrar na comunidade. A ideia foi integrar a pesquisa aos hábitos online que já existiam na cidade. O primeiro passou foi entender onde a internet e a tecnologia estavam presentes, depois foi feito uma campanha de mobilização e parceria com as entidades.

O projeto foi desenvolvido por meio de uma parceria da FGV com o Banco Mundial e a Fundação Ford. De acordo com Lemos, existe demanda para levar o sistema para o Haiti e para o Marrocos.

Desenvolvimento do Trabalho

O trabalho foi feito com duas equipes, uma interna na FGV e outra na Cidade de Deus. A metodologia utiliza foi a comparação. São apresentadas duas opções para a pessoa decidir o que acha melhor, criando, ao final do processo, um ranking de preferências da população pesquisada. De acordo com as respostas, a pessoa é direcionada para perguntas específicas sobre o tema de interesse. “Isso evita que uma pessoa que não saiba nada de educação tenha que responder perguntas sobre o tema, por exemplo”.

Um site foi criado exclusivamente para a pesquisa, que foi desenvolvida para ser respondida em até sete minutos. Lemos afirma que também foi incentivado que a própria pessoa respondesse e não o pesquisador em campo.

De acordo com a líder de Projeto do CTS-FGV, Joana Varon, um ponto fundamental para o sucesso da pesquisa e adesão da comunidade é a parceria com pessoas do local, que passem credibilidade e legitimidade para a população. Joana explica que o custo do projeto completo foi US$ 35 mil mas, agora que o sistema está desenvolvido, a aplicação fica bem mais barata.

Fonte: Brasil.gov.br