O Brasil é um país engraçado. Engraçado para quem tem dinheiro e trágico para quem não tem teto, dinheiro, comida! É um país que vive de fantasia, que bom se fôssemos Alice, ela pelo menos tem um coelho!
Um presidente se elege com uma facada sem derramar uma gota de sangue. E, inacreditavelmente, um candidato se diz ameaçado com arma de fogo no primeiro dia de campanha para prefeito de João Pessoa, capital da Paraíba, mas na era dos flashes, poses e selfies, ninguém bateu a foto do agressor ou qualquer imagem do local mostra sinais, embora que embaçados, de alguém com arma em punho.
Embaçado mesmo está o processo eleitoral de 2020. Como a facada parece ter dado certo em um país que nada reclama e assiste a tudo de camarote, certamente, os peixes pequenos vão querer aplicar o mesmo golpe. Essa será a eleição das fakes, das facas e de Alice, que vive no país das maravilhas.
A sociedade brasileira é a que mais acredita em fake news. Segundo o estudo “Fake news, filter bubbles, post-truth and trust” (Notícias falsas, bolhas de filtros, pós-verdade e confiança), realizado pelo Instituto Ipsos em 2018, revelou que 62% dos entrevistados no Brasil admitiram ter acreditado em notícias falsas até descobrirem que não eram verdade. Isso corresponde a um valor muito acima da média mundial, que é de 48%.
Outro relatório que possui informações que ajudam a explicar a situação nacional quanto às fake news é o “Reuters Institute Digital News Report 2019”. Segundo essa pesquisa, o WhatsApp se tornou a principal rede social de discussão e troca de notícias no país. 53% dos respondentes dizem usar o aplicativo como fonte de notícias, número bem superior se comparado a países como Reino Unido (9%), Austrália (6%), Canadá (4%) e Estados Unidos (4%).
A partir da leitura dos dados dessa pesquisa, não fica difícil entender por que o brasileiro se deixa enganar tão fácil. Primeiro, porque é um povo que não gosta de ler, preferindo a facilidade da comunicação instantânea do Whatsapp e depois porque é um povo que adora ser súdito, tendo o político de plantão como seu rei e, dessa forma, acreditando em tudo o que ele diz.
Para quem já elegeu presidente “vítima” de uma facada sem sangue, eleger um prefeito sem comprovar seus atentados é fichinha!
Tomara que Alice acorde logo ou que seu coelho desastrado passe correndo pelas pernas dos eleitores paraibanos e os despertem deste sono profundo. Caso contrário, um desastre se aproxima.
Teremos as eleições mais fake da história e tudo registrado como “normal”. Assim como vem acontecendo com o palácio, poderá acontecer com os palacetes… Para bom entendedor, meia palavra basta. Corra, Alice, corraaa!
Vamos tomar um café?