E se sua casa, seu bairro, de repente fosse tomado? Se você não pudesse mais morar onde mora?. E se decisões de um governo, do qual você não é necessariamente parte, lhe impusessem,e a sua família, toque de recolher, acabassem com seu direito de ir e vir, impedissem seu trabalho…E se só restasse uma pequena fagulha de esperança de um dia voltar a viver em paz?
Quando se lê os jornais, ou se acessa as redes sociais, um acontecimento nos chama a atenção: o que está havendo neste momento na Palestina, na faixa de Gaza. (Para quem mora no Rio, esse nome não soa estranho, afinal esse era o apelido de uma região na zona norte do Rio, entre os bairros de Manguinhos e Bonsucesso, recentemente ‘’pacificado”.
Mas as diferenças não param ai. Se pensarmos bem há muitos motivos para os que se solidarizam com os favelados nas metrópoles brasileiras,ou com a situação dos indígenas no seu interior, se comovam com a situação dos palestinos, pois tanto uns ,quanto outros sofrem violências parecidas, sendo irmãos em dor e sofrimento. Vejamos:
Para quem não entende direito o que está acontecendo na Palestina,, eis aqui uma breve e parcial explicação: A Palestina era um território onde judeus, muçulmanos e cristãos conviviam. Até que em 1948, com o término da Segunda Guerra, a Organização das Nações Unidas (ONU) dividiu as terras do povo palestino em duas: uma para os próprios palestinos habitarem, e outra parte ficou para os judeus fundarem seu próprio Estado, com amplo apoio norte-americano, sendo que os EUA até hoje são o maior aliado de Israel. Os palestinos obviamente não ficaram felizes em serem expulsos de suas terras e obrigados a viver em um pequeno pedaço do seu território original, e tentaram resistir, mas foi em vão: a superioridade militar israelense era devastadora. O território teoricamente foi escolhido porque seria o local onde o judaísmo se originou.
Imediatamente, os países árabes que ficam próximos ao conflito se manifestaram contra a invasão da Palestina pelos judeus. Até porque palestinos se viram obrigados a imigrar em massa para esses países, já que foram expulsos das suas próprias terras, sem direito a indenizações e nem nada. Egito, Síria e Jordânia atacaram Israel, perderam e o Estado judeu tomou mais terras palestinas, além do que a ONU havia determinado. Após ocorreu outra guerra (guerra dos 6 dias), de Israel contra Egito, Jordânia, Síria e Líbano. Israel ganhou dos 4 países em menos de uma semana.Tendo ainda anexado terras dos países árabes perdedores.
Para vocês entenderem o que está acontecendo agora: os palestinos estão sendo governados Hamas, que começou a lançar foguetes contra Israel. Israel revidou atacando Gaza. O Hamas, que “atacou primeiro”, matou alguns israelenses, e Israel revidou matando mais do dobro de palestinos, sendo a esmagadora maioria dos mortos civis. Os palestinos não têm frota, nem Exército ou Força Aérea. Não há guerra em Gaza. Esta é apenas a continuidade da execução da força militar por parte de Israel em uma tentativa de tirar até a última pessoa do Estado da Palestina.
Gaza, não é à toa foi chamado de “prisão ao ar livre do mundo.” É o alvo de um ataque criminoso pelo exército de Israel, que deixa dezenas de mortos e um número desconhecido, mas pelo menos 100 feridos, muitos gravemente.
Segundo o jornalista político Milton Temer, o assassinato do chefe militar do Hamas(grupo de palestinos que quer que a Palestina volte a ser um Estado que ocupe todo o território de antes de Israel ser fundado) está na raiz do massacre atual sobre Gaza. Ahmad Jaabari foi eliminado, não devido à ameaça de ataques a Israel, mas tão somente pelo oposto, algo que colocaria em perigo os planos de reeleição da dupla fascista Netanyahu/Lieberman.
Jaabari era uma liderança preocupada em levar o Hamas para a arena da negociação, que interrompesse o bloqueio criminoso que Israel realiza sobre Gaza. É bom lembrar ele foi o responsável pelas negociações que permitiram a troca do soldado israelense prisioneiro há anos em Gaza, por mais de cem presos políticos palestinos, presos em Israel por lutarem pela liberação de seu País.
O assassinato de Ahmad Jaabari, numa rua central de Gaza, por bombardeio aéreo, detonou a represália dos militantes do Hamas na fronteira. Logo, longe da mentira israelense de invocar defesa contra ataque prévio de militantes palestinos, foi por parte dos israelenses a iniciativa deliberada de quebrar a trégua, com a intenção de cerrar fileiras do eleitorado da direita fascista, majoritária no Knesset, o parlamento de Israel, com o objetivo de garantir sua reeleição nas eleições em janeiro.
Não há como ser imparcial nessa situação. Ou se está do lado dos oprimidos, os palestinos, ou do lado dos opressores, a elite terrorista de Israel. É a Palestina que está sob ocupação, e não Israel. São as crianças palestinas que estão impedidas de crescer em um ambiente tranquilo e saudável, e não as israelenses.
Mas, não é deles que eu quero falar, tão somente:
Assim como os palestinos, os índios Guarani–Kaiowá no Brasil estão sendo aniquilados covardemente por conta das riquezas em sua terras, Estão sendo caçados, mortos. E tal qual os israelenses, os fazendeiros gastam muito dinheiro para convencer a opinião pública mundial e de seu país de que o agressor é que é o agredido. Procuram de esta forma justificar a violência para com esses seres humanos, lá em Israel e aqui. E infelizmente há aqueles que acreditam em tais mentiras, em ambos os casos.
A situação dos guarani-kaiowá, segundo grupo mais numeroso do país, é considerada a mais grave. Confinados em reservas como a de Dourados, encontram-se em situação de catástrofe humanitária: além da desnutrição infantil e do alcoolismo, os índices de homicídio são maiores que em zonas em guerra, como o Iraque. Os índices de suicídio estão entre os mais altos do mundo: enquanto a média do Brasil é de 5,7 por 100 mil habitantes, nessa comunidade indígena supera os 100 por 100 mil habitantes. Pesquisadores identificam na falta de perspectivas de futuro as causas da tragédia.
E agora,caro leitor, você pode perguntar: “o que tem em comum os favelados cariocas com os palestinos, lá desse país a meio mundo de distância?”
A resposta vem em forma de uma estrofe de uma canção antiga: ‘miséria é miséria qualquer canto”.
Justamente como os palestinos, os favelados cariocas sofrem com a pobreza extrema, fruto de um poder econômico opressor, por parte de uma elite política e financeira da sociedade de seu país. Se aqueles têm suas moradias invadidas e revistadas por pessoas a serviço do estado, armados com fuzis e metralhadoras, estes também o são, com o mesmo modelo de fuzil.
No Brasil, a juventude negra favelada é presa ou morta por usar seus bonés e ouvir sua música funk. Já na palestina, os jovens são os que mais sofrem, ao não terem direito de estudar, se divertir. Se aqui, o boné vira alvo do PM, lá os jovens ao serem vistos com seus lenços são automaticamente acusados, julgados, presos ou mortos nas ruas, acusados de serem membros da Intifada. Originalmente chamado keffiyeh, possui um, aspecto político fortíssimo, já que é associado praticamente como símbolo de conflitos na região e usado, inclusive pra cobrir o rosto, por integrantes do Hamas, por exemplo, ou simplesmente por gente que defende o Estado Palestino.
Como no Complexo do Alemão, ou em outra favela no Brasil, na Palestina é difícil arranjar emprego, quando se diz onde mora. Há uma linha imaginária de preconceito que separa aqueles que podem ou não ter emprego, podem ou não ser morto pelas forças de repressão do Estado sem julgamento.
Sou otimista. Creio que um dia os EUA perderão seu poder econômico, e com ele seu poder na ONU. Então, Israel será punido pelo que faz: crimes contra a humanidade.
Existe uma frase famosa de Che Guevara que diz: “Acima de tudo procurem sentir no mais profundo de vocês qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo.
MAXIMIANO LAUREANO DA SILVA