A notícia abaixo é de O GLOBO – A limitação absurda de atividades festivas e culturais tem sido uma das principais reclamações de moradores nas favelas ocupadas pelas UPPs, principalmente as da Zona Sul (quase todas, portanto). Até festas de aniversário têm que ter autorização da PM para serem realizadas. No Cantagalo, já ouvimos denúncias de que a PM proíbe os jovens de usarem cabelos tingidos ou com determinado corte. Essa repressão, por sua vez, não significa ausência de corrupção. No complexo Babilônia-Chapeú Mangueira, há denúncias de que a repressão às festas é diferenciada em cada favela, devido aos diferentes valores de propinas pagas ao comando da UPP pelos traficantes de cada uma (que continuam por lá, embora não mais exibindo suas armas nem vendendo drogas tão ostensivamente quanto antes).

A presença permanente da PM através das UPPs inibe as denúncias públicas de tudo isso: moradoras e moradores têm muito medo de denunciar policiais que encontram todos os dias literalmente nas portas de suas casas. Protestos como o de hoje de madrugada, portanto, são muitas vezes a única forma de manifestarem sua insatisfação, que obviamente não aparece na publicidade oficial do governo.

Rede contra a Violência.

 

Tiros, protesto de moradores e uma prisão na Favela do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana

 

– O encerramento de uma festa na rua e a prisão de um morador terminaram em protestos e tiros na Favela do Pavão-Pavãozinho, área ocupada pela Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), na madrugada desta segunda-feira. Parentes de Ewerton Bemvindo, de 23 anos, detido pelos agentes da UPP, acusaram os policiais de agressão.

Por volta da 1h, inconformados com a ordem para desligar um aparelho de som que animava uma pequena festa na rua, moradores atearam fogo em caixotes de madeira e pedaços de plástico, bloqueando a Estrada do Cantagalo, no alto da comunidade. Os policiais disparam tiros para o alto para dispersar o tumulto.

Num outro episódio, de acordo com a Polícia Militar, Ewerton Bemvindo saiu correndo em direção ao um bar, ao ouvir a ordem dos PMs para que parasse. O rapaz, que está em liberdade condicional, tem passagem por roubo e alegou ter ficado assustado com a ordem dos agentes. Nada foi encontrado com ele, que responderá por desacato a autoridade.

Fonte: O GLOBO