O Dia Mundial da Saúde Mental, criado em 10 de outubro de 1992 pela Federação Mundial de Saúde Mental (World Federation for Mental Health), visa chamar a atenção pública para a questão da saúde mental global, e identificá-la como uma causa comum a todos os povos, ultrapassando barreiras nacionais, culturais, políticos ou socioeconômicas.
O luto, isolamento social, perda de renda e medo em tempo de pandemia do novo coronavírus estão causando novos problemas ou agravando os que já existiam. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que muitas pessoas podem estar enfrentando níveis elevados de uso de álcool e drogas, insônia e ansiedade.
Ao mesmo tempo, a Covid-19 pode causar complicações neurológicas e mentais, como delírio, agitação e derrame. Pessoas com transtornos mentais, neurológicos ou de uso de substâncias também são mais vulneráveis à infecção pelo novo coronavírus, correndo um risco maior de ter uma forma grave da doença e até de morte.
Pandemia paralisa serviços de saúde mental
Em novo estudo, publicado nesta semana, a OMS revela que pandemia de Covid-19 interrompeu serviços essenciais de saúde mental em 93% dos países, apesar de um aumento da demanda. A pesquisa, realizada em 130 países, de junho a agosto deste ano, revela que mais de 60% deles relataram interrupção generalizada de serviços de saúde mental, sendo que 35% dos países também interromperam os atendimentos de emergência na área.
O estudo fornece os primeiros dados globais que mostram o impacto da pandemia no acesso aos serviços de saúde mental, destacando a necessidade urgente de mais financiamento.
Neste Dia Mundial da Saúde Mental, a OMS aproveita para reforçar a necessidade de mais financiamento para o setor que, segundo a organização, antes da Covid-19 conta, em média, com cerca de 2% do total do orçamento nacional de saúde dos países.
Ainda segundo estimativa da OMS, perde-se, anualmente, cerca de US$ 1 trilhão em produtividade econômica por causa de doenças como depressão e ansiedade.
Estudo do Comitê Internacional da Cruz Vermelha
Outros estudo, publicado nesta quinta-feira, 8, pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) reforça que a pandemia do novo coronavírus “agravou doenças mentais existentes, gerou novas doenças e limitou ainda mais o acesso aos serviços de saúde mental”. Mais da metade das pessoas (51%) entrevistadas indicou que a pandemia da Covid-19 teve um impacto negativo na sua saúde mental.
O estudo, realizado em sete países (Colômbia, Líbano, Filipinas, África do Sul, Suíça, Ucrânia e Reino Unido) também indica que três em cada quatro pessoas consideram ser necessário dar apoio especial à saúde mental aos trabalhadores da linha de frente da pandemia, tais como profissionais da saúde.
“Estão frequentemente expostos diretamente ao vírus, trabalham longas horas e inevitavelmente testemunham eventos traumáticos”, e ainda “são estigmatizados por fornecer apoio às comunidades afetadas por desastres”, disse o CICV.
“Hoje, mais do que nunca, devemos investir na saúde mental e no apoio psicossocial, tanto às comunidades quanto aos responsáveis por seus cuidados, para ajudá-los a enfrentar sua situação, reconstruir suas vidas e superar esta crise”, ressaltou o secretário-geral do CICV, Jagan Chapagain.
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