Pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Sólidos (Abrelpe) revelou que 79 milhões de toneladas de lixo foram geradas somente em 2018, o que equivale a uma média de um quilo de lixo produzido por cada brasileiro. Só na Bahia foram coletadas 14.798 toneladas de resíduos sólidos no período, o maior volume entre os estados do Nordeste.
A geração de lixo e o descarte incorreto dele pode impactar diretamente no ecossistema, trazendo problemas ambientais, sociais, econômicos e sanitários, como a proliferação de insetos, roedores, microrganismos patogênicos e mau cheiro.
No bairro de Santa Cruz, periferia de Salvador, um projeto social da Associação Educacional Social Ágape teve a iniciativa de desativar um ponto de depósito de resíduos na comunidade e promover a conscientização da importância do descarte correto do lixo por meio de informações e intervenções artísticas.
“O início do projeto social foi a partir do diálogo com os moradores da nossa comunidade, porta a porta, falando sobre a importância de desenvolver uma consciência educativa para o descarte do lixo. Depois passamos a fazer as transformações [artísticas] e a colocar frases educativas nas paredes, além da varrição de rua. Isso foi despertando o interesse de outros moradores e trouxemos para próximo da gente alguns jovens”, relata Antônio Carlos de Jesus Silva, pastor e coordenador da Associação Educacional Social Ágape há 25 anos.
Um problema local enfrentado por moradores é que como a rua de acesso à favela é composta de escadas, o caminhão de lixo não pode descer para fazer a coleta de porta a porta. A Associação então entrou em contato com a Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb) e pediu para que fosse designado um agente para recolher o lixo na porta dos moradores. “Isso trouxe a eles empoderamento, alegria e sentimento de pertencimento”, diz o pastor.
Em outra etapa do projeto, a Associação Educacional Social Ágape busca discutir na comunidade sobre a coleta seletiva conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), que estabelece princípios e diretrizes para o manejo correto dos resíduos sólidos, como, por exemplo, separar os resíduos que têm valor econômico e podem ser reciclados ou reaproveitados dos que não podem.
De acordo com a Secretaria de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência de Salvador (Secis), separar o material reciclável do lixo orgânico é uma tarefa de todos. Resíduos secos como metais, vidros, papéis, papelões e plásticos podem – e devem – ser reaproveitados. A partir da separação desses materiais, o que se deve fazer é encaminhar para o descarte correto.
A ação socioambiental no bairro de Santa Cruz pode ser multiplicado em outras localidades objetivando diminuir o risco de contaminação do solo, entupimento de canais de redes de esgoto, principalmente em período de chuvas.
A iniciativa atende dois dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas aprovados para países desenvolvidos e em desenvolvimento em 2015. Nesse contexto, o projeto comunitário local agrega os ODS 6 e 11 que tratam de questões relacionadas à água potável e saneamento, e sobre cidades e comunidades sustentáveis, respectivamente.
Mais informação sobre resíduos sólidos visite o portal da Abrelpe aqui.