Acontece até o 31 de março a intervenção artística, ME RETRATEM, inspirada nos estudos sobre afetividade entre corpos racializados, com pintura feita por Miguel Afa, no mural de um Centro Integrado de Educação Pública (CIEP), da Vila Cruzeiro, Rio de Janeiro.
“Nesse mural específico (CIEP Deputado José Carlos Brandão Monteiro), ainda fazendo um desdobramento sobre esse olhar nas relações afetivas farei uma homenagem póstuma ao José Carlos, também conhecido como Zeco, que foi meu aluno há pouco mais de 10 anos. E por complicações de saúde veio a falecer em 2019”, relata Miguel Afa.
A obra visa retratar indivíduos favelados, antes vistos sob uma situação imagética e de vulnerabilidade, agora como protagonistas.
A invervenção ME RETRATEM, tem a produção de Carolina Lyds e Luana Carvas, não foi pensada em formato de exposição, e sim como um desdobramento da missão que Afa vem desenvolvendo há duas décadas e que inspirou seus estudos sobre afetividade entre corpos negros e favelados.
“Grande parte da sociedade ainda deslegitima a existência favelada os associando, a criminalidade e a incapacidade intelectual, resumindo sua figura atrelada à marginalidade e violência”, reforça.
Miguel Afa, é cria do Complexo do Alemão/RJ, artista visual com mais de 20 anos de carreira e tem como assinatura de suas obras dar um outro sentido à imagem desses indivíduos. Além de todo o trabalho de grafite ser feito com pincéis e tintas, não sprays.
A obra será pintada no muro de uma escola na Penha, este espaços educacionais são sempre preferência de ambiente pelo artista. Por ser um local de compartilhamento de conhecimento, cotidiano para crianças e adolescentes. Um espaço ideal para intervir estética e artisticamente, provocando a desconstrução dos estigmas relacionados aos aspectos negativos da vivência na favela.
“Eu tento abordar as questões não objetivas, o contraponto da visão pré-estabelecida sobre nós, pretos e favelados. Abordo as relações afetivas, saberes locais e como intuitivamente cuidamos um do outro, seja no aspecto emocional ou físico”, comenta Miguel Afa.
A cobertura completa da exposição pode ser acompanhada através do @meretratem, além de um filme que integra a obra.
Esta programação está sendo realizada com recursos da Lei Aldir Blanc do Estado do Rio de Janeiro.