Uma releitura da obra de William Shakespeare, vem chamando atenção nos municípios da Baixada Fluminense. “Ricardo III – um homem do seu tempo”, que com uma visão periférica explora a obra do autor inglês, se apropriando de uma linguagem bastante popular. Encenada por Alexandre Gomes e dirigida por Wellington Fagner.
Nesta temporada de março, as apresentações de “Ricardo III – um homem do seu tempo” vão acontecer sempre de quinta a sábado às 19h e domingos às 18h. Nesta semana os dias serão 18 a 21, no Espaço Grupo Código em Japeri e a última semana de exibição acontece em Queimados, de 25 a domingo 28, no Cine Teatro Delcy de Souza. Os ingressos das apresentações presenciais podem ser retirados com duas horas de antecedência na bilheteria de cada local.
O monólogo aborda a personagem de uma forma abrangente mostrando até um debate político. A sede pelo poder e a corrupção humana fazem parte do roteiro de Ricardo III – são temas presentes na sociedade atual. Sem estes fatores, políticas de educação, cultura e esporte poderiam ser mais formuladas.
Para Alexandre Gomes, “existem algumas políticas públicas na periferia, porém quando medimos o percentual de favelas no Estado do Rio de Janeiro, versus o quantitativo de programas em favor dos moradores dessas comunidades, percebemos então, que há uma quantidade muito pequena de políticas públicas, e uma necessidade de ampliação das mesmas. É necessário criar mais oportunidades e democratizar o acesso. Dentro desse contexto, também é importante oferecer conteúdos artísticos que não excluam ou ignorem as culturas periféricas, como o funk e o rap, mas pelo contrário, venha a partir da cultura das comunidades, ampliar o conhecimento e as possibilidades artísticas dessa galera”, comenta o ator.
A temporada ainda contará com oito apresentações online às terças e quartas (23), (24), (30) e (31), sendo duas por dia, uma às 19h e outra às 21h. O espetáculo tem a realização da Cia Atores da Fábrica e as apresentação virtuais serão exibidas via plataforma Zoom, os ingressos serão gratuitos e estarão disponíveis em breve pelo site Sympla.
Por meio dos aspectos de um homem histórico e de um homem-personagem, o espetáculo reúne premiações na categoria Inovação pela rede Baixada em Cima, no Prêmio Shell (2017) e Melhor Espetáculo na 2ª edição do FESTFLUM (2016).
Mesmo com muitas premiações importantes para o teatro carioca, o ator do espetáculo opina sobre o destino incerto da arte durante a pandemia, “o setor cultural sofre um forte impacto com a pandemia, que de certa forma, é suavizada pela lei Aldir Blanc, mas uma incerteza paira no ar. Estamos lidando com um amigo oculto, invisível. Até quando isso vai durar não sabemos. Quando os editais da Aldir Blanc acabarem, o que será da economia criativa, o que será do artista?
E completa, “sinto o desejo de tornar isso [o espetáculo] cada vez mais conhecido. De chegar em todas as favelas e comunidades do estado do Rio de Janeiro. De mostrar que é possível fazermos uma leitura periférica e popular do Shakespeare, imortalizado pela academia e intelectuais” finaliza Alexandre.
Interpretação de libras em Ricardo III
Um dos maiores desafios para trabalhar com a interpretação de Libras no meio digital é conseguir organizar um ambiente favorável para executar estas demandas, que surgiram de maneira repentina logo após a pandemia do novo Coronavírus.
Marcos Henrique, intérprete de libras na peça Ricardo III – um homem do seu tempo, comenta sobre a adaptação para meios digitais, “Além da necessidade de ter uma internet de qualidade, a falta de bons equipamentos como celular, notebook, tripé e uma boa iluminação pode prejudicar a execução dessas demandas de interpretação no meio digital, pois é de extrema importância que o intérprete tenha o mínimo de estrutura para atender tais demandas. Muitas vezes o intérprete não dispõe destes recursos tecnológicos dificultando a possibilidade de atender às demandas de interpretação para o meio digital”.
Há um ano todos os espetáculos que eram presenciais foram adiados e sem previsão de retorno devido à pandemia, assim muitos fazedores de cultura ficaram sem trabalhar.
“Ainda que toda essa adversidade tenha nos afetado negativamente, nós, tradutores/intérpretes conseguimos nos reinventar, assim como os profissionais de teatro e artistas em geral, as lives, nos possibilitou de voltar a trabalhar com a arte de maneira geral. Com as leis de incentivo à cultura, Aldir Blanc, por exemplo, ajudou a alavancar o setor cultural no Brasil, em contrapartida a Libras como meio de acessibilidade cresceu e ganhou bastante visibilidade tanto na música quanto nas apresentações online de diversas peças de teatro” relata o profissional.
Este espetáculo recebe incentivo cultural através da Lei Aldir Blanc.
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