Será lançado no próximo dia 7 de abril, às 20h, o projeto literário e multimídia “Adé”. A autoria é do poeta baiano Marcelo Ricardo, que aborda as relações afetivas entre homens negros por uma perspectiva de comunidades de terreiro.
A produção é composto pelo livro de poemas “Aos meus homens”, que será lançado junto com filme “Adé’.
Adé é uma palavra em iorubá usada nos terreiros de candomblé para denominar homens que escolhem viver afetivamente com outros homens.
Para o autor, a palavra não se centra apenas no aspecto da sexualidade, e busca ampliar o significado por um princípio da vivência comunitária e ancestralidade africana em seus versos.
“Observo um olhar redutivo sobre as experiências de dissidentes de gênero e sexuais como apenas um recorte à sexualidade, como se fossemos um ser deslocado da comunidade. Não é o que vejo nas comunidades de terreiro. Este é meu interesse no projeto: falar de comunidade, pois entendo Adé como participante e guardião do axé”, explica Marcelo, que faz sua estreia no cenário literário.
Com 100 poemas, o livro é uma declaração desde o título “Aos meus homens”, e chega ao mercado pela Editora Malê, junto aos produtos para internet. O lançamento será gratuito e será transmitido através do canal Adé
Perfil do autor
Marcelo Ricardo é Bacharel em Humanidades pelo Instituto de Artes, Humanidades, Ciências e Tecnologias – Milton Santos (IHAC-UFBA), poeta, contista e roteirista.
Vencedor do concurso nacional de contos pela Editora Malê em 2016, e participante do projeto curta universitário, organizado pelo Canal Futura, em parceria com a Fundação Roberto Marinho.
O multiartista se apropria do audiovisual, da música, da performance e da literatura para lançar seu livro.
Lançamento
O livro impresso poderá ser adquirido pelo site da editora, após o lançamento do álbum visual. O material visual é feito por cenas confessionais e performances de poemas musicados, em que o autor conta sobre suas experiências com a escrita e com outros temas que o atravessa.
Posteriormente, as faixas que são originadas pelo livro e foram musicadas para o filme serão distribuídas em plataformas streamings. “Eu sempre tive receio de falar, pois sentia que minha voz depunha contra tudo que eu tentava esconder. Partir desse dispositivo foi uma viagem por muitas camadas de minha história”, revela Ricardo.
A produção conta com arranjos do beatmaker santamarense Laraapio, que une experimentações e toques sagrados.
Os produtos digitais que acompanham o livro formam um tripé poético que oferece aos leitores, espectadores e ouvintes uma experiência sinestésica e permanece enquanto memória. “Falar de masculinidades por meio da poesia, e do ponto de vista adé, é considerar o masculino para além das violências que lhe são agregadas. Queria falar de memórias, sensações e alternativas, sem perder também de vista de ser uma declaração aos homens negros”, realça.
O projeto Adé tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo, Governo Federal.
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