Dia Mundial do Livro e sua subversão

Os livros são mais que meros objetos, eles permitem possibilidades de enxergarmos nossos contextos sociais, históricos e culturais.

Passeata contra os cortes nas verbas de educação _ foto: Marcella Saraceni

Nos encontramos no Dia Mundial do Livro: 23 de abril, ano 2021. Se faz importante relatar o ano quando temos a cada dia perda de direitos e somos “classificados” cada vez menos humanos com direitos. A leitura nos faz mais compreensivos, com conhecimentos de outros mundos e novas subjetividades. Tenho certeza que você que está lendo isso, já pegou uma história e imaginou cada detalhe, ou até mesmo já se encontrou/encantou com algum universo literário.

Segundo o site do Brasil Escola, é comemorado o dia mundial do livro por conta das mortes dos escritores: Miguel de Cervantes, Inca Garcilaso de La Vega e William Shakespeare, os quais muitas pessoas leem suas obras originais para inspiração ou até mesmo releituras. Nunca estive em contato com esses autores, mas sei que eles já me influenciaram através de outros (as) autores (as). Na verdade, não tive contato com muitas obras literárias mesmo gostando bastante, quem é da periferia sabe que algumas coisas chegam antes para gente.

Uma das coisas que chegam antes para gente é o não lugar. O não lugar na escrita e na leitura vem com frases do tipo “estude o que realmente importa” ou então “se dedique no que dá dinheiro”. Acaba sendo subversivo as letras presentes em nós e também todas as maneiras para que elas continuem vivas.

Atualmente, o Governo Federal quer taxar os livros, um material que já nos é distante por conta da falta de incentivos e até mesmo de dinheiro. Querem nos deixar ainda mais distante. Esse (des)governo está literalmente dizendo quem eles querem com  conhecimento-poder. Rita Von Hunty, em seu canal Tempero Drag, relata: “Quais são as possibilidades que nos estão asseguradas […] se as nossas possibilidades de acesso às artes, aos lazeres, as culturas, vão sendo vetadas e dificultadas pela sociedade a qual estamos inseridos”.

Precisamos ser contra a taxação de livros e valorizar os corres de (nós) produtores, escritores e artistas das nossas cidades, onde em diversos momentos realizam(os) saraus, encontros poéticos, repassam(os)/doam(os) livros, desenvolvem(os) espaços para o ato da literatura. Sem romantização, apenas valorização e luta para que não haja mais perdas, mas sim revoluções e lugares mais capacitados para nós continuarmos vivos.

O dia de hoje, em sua essência, acaba servindo para refletirmos “o poder da poesia” (como diz a escritora Ivone Landim), mas também o poder de um livro na nossa estante e quem sabe um dia… Nossos próprios livros espalhados pelas nossas cidades-território. Resistência e subversão: pessoas pobres e periféricas com livros nas mãos.

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