Na quinta-feira (04/06), policiais militares do Segurança Presente na cidade do Rio de Janeiro (RJ), agrediram entregadores de aplicativos, uma advogada que tentou intervir na situação e um jornalista que fazia o registro. Além desse ocorrido, a Guarda Municipal do RJ tem oprimido diversos entregadores, impedindo-os de trabalharem nos territórios. Por conta desse somatório de fatores que vem acontecendo, entregadores e apoiadores realizaram manifestações na sexta-feira e no domingo, e defendem uma data de paralização dos entregadores como forma de protesto.
As ações ocorridas configuram mais uma vez situações de abuso de autoridade, preconceito e violência para com esses profissionais, que geralmente são homens negros, favelados e periféricos. Os mesmos vivem situações de exploração, sem nenhum direito ou vínculo empregatício, probabilidade de serem bloqueados ou sofrerem desligamentos indevidos, expostos a fome, sol/chuvas intensas, acidentes, exaustão, inclusive alta chance de contrair o coronavírus.
Paulo Galo, administrador do perfil “Entregadores Antifascistas” diz :”O capital está na carne de todo trabalhador” através de uma live proporcionada pelo canal: “Chavoso da USP”. Os trabalhadores são a base desse sistema e estão sustentando pessoas que até hoje tem a oportunidade de trabalharem em suas casas e empresários que “só” criaram ou pagaram alguém pra criar esses aplicativos.
Manifestações
Profissionais atuantes e cidadãos solidários a causa marcaram presença em dois dias diferentes no Largo do Machado, Zona Sul da cidade e também o local onde ocorreu a agressão, e manifestaram principalmente contra o abuso policial.
No ato do último domingo, convocado por organizações de entregadores e apoiado pela Casa Nem e a Fist (Frente Internacionalista dos Sem Teto), as falas abordaram questões como a falta de estrutura e de suporte que recebem, destacando a insegurança que sentem, até mesmo nas praças, espaços que se tornaram pontos de apoio para a classe, já que esta não recebe um.
Recortes de vídeos das manifestações podem ser assistidas pela gravação disponível no perfil da Associação Bike Delivery Rj ou Entregados Anti Fascistas. Os entregadores de aplicativos exigem respeito e pedem que seus direitos sejam (no mínimo) garantidos. Para tal, uma das atitudes defendidas é que haja uma paralisação dos entregadores de delivery na próxima segunda-feira (14), onde a concentração será na Escadaria da Câmara dos Vereadores, na Cinelândia, as 14h. A data escolhida é em razão da votação do Projeto de Lei dos Pontos de Apoio para Entregadores, que acontecerá neste mesmo dia.
Alguns dos principais pontos defendidos pela PL são: sanitários e vestiários masculino e feminino; sala para apoio e descanso dos trabalhadores, com acesso a internet sem fio e pontos de recarga de celular ; espaço para refeição e para estacionar bicicletas e motocicletas; além de outros direitos como vale refeição pagos pelas empresas de aplicativos; valor de manutenção da bicicleta (caso seja propriedade do entregador) ou moto; inclusão dos entregadores no grupo prioritário de vacinação para COVID, devido à exposição que enfrentam, além de outros direitos que reivindicam.
A luta não é justa e muito menos igualitária; a sociedade não pode permanecer omissa a exclusão e opressão. O sistema capitalista-neoliberal vendeu a ideia que seria fácil conseguir dinheiro através de uma moto ou bicicleta, tendo apenas um aplicativo em seu celular; mas esqueceu de avisar ao Estado, principalmente aos protetores de segurança da burguesia, que para os entregadores trabalharem, eles precisam ter liberdade e apoio para circular e estar nos espaços.
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