O maior acervo da América Latina pegou fogo. Vemos ao vivo e lemos pelos jornais que a cinemateca, mais precisamente localizada na Vila Leopoldina, Zona Oeste, nesta última quinta-feira dia 29, em São Paulo – Uma das maiores cidades do continente e do mundo, pegou fogo.
Por horas e sem socorro, numa das noites mais frias em anos, vemos ferver em chamas um galpão com mais de 120 anos de história, tornar-se cinzas em poucas horas. Como um homem abandonado e com fome não morre da noite pro dia, vai sendo dilacerado no tempo em sua própria secura, em vão, depois de insistentes pedidos de socorro, em anos, desde o primeiro incêndio em 1957, uma das cinco maiores cinematecas do mundo viu-se em sua noite mais fria, a sua quinta e derradeira chama.
E a cidade nesta sexta acordara de ressaca e sem memória, como depois de uma longa noite de fervor e sem limites. Uma cidade um pouco mais cega, um pouco mais surda de sua própria identidade. Os cidadãos que por ora, passam com destino ao trabalho ora, passam sem destino, pelos próximos anos, tanto aqui neste país como em qualquer algum lugar do mundo, passarão esvaziados de 120 anos de história.
Como um homem em plena rua sem abrigo, pelos cantos, desvalido, é chamado de vagabundo, de inútil, proscrito, por muitos passantes e sofre diariamente a violência armada do Estado, aquele que reunia em seus depósitos o maior patrimônio audiovisual da região, com mais de 200 mil filmes, teve antes das autoridades a intervenção policial, as chaves retidas, os funcionários desassalariados, impedidos de entrar no local. Logo, premeditado seu fim, como outros museus. Depois de serem xingados todos de comunistas por aquele que hoje, por hora, senta na presidência.
E, porque hoje nos vemos em escombros, desossados e sem memória, acho como Josué de Castro, geógrafo, cientista político, autor de Geografia da Fome e Geopolítica da Fome, destacado brasileiro, pelos mais importantes organismos das nações unidas, que recebeu um prêmio internacional da paz, e, declarou que pensa que, infelizmente, não há outra solução que a violência para a América latina. Penso eu, pois, em vista disto, que no fim da história deveríamos é tacar fogo nesse governo também.
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