Quanto vale a vida humana no Brasil?

manifestação 19 de junho no Rio de Janeiro _ foto: Marcella Saraceni

Em meio ao caos provocado pela pandemia, tem sido necessário refletir sobre o valor das vidas humanas no Brasil. Diariamente, as informações não são boas. O abismo tem ficado cada vez mais fundo. Situações precárias, sobrecarga de trabalho, violência doméstica, abalo da saúde mental, extrema pobreza e invisibilidade social são alguns dos problemas que a cada dia aumentam, alcançando graus inimagináveis na sociedade, principalmente nas periferias e favelas. 

Atualmente, a fome é uma realidade escancarada entre a população brasileira. Um ano e quatro meses após decretada a pandemia no país, é notória a gravidade e a acentuação das desigualdades sociais, a exclusão aumentada, que separa cada vez mais ricos e pobres.  

A alta disseminação da doença se dá principalmente nas regiões periféricas, fomentada pela necessidade da utilização dos transportes públicos, muito mais sucateados agora, assim como precarização dos equipamentos públicos de saúde. Junte-se a esse quadro a falta de recursos financeiros, devido ao desemprego e à diminuição do valor do auxílio emergencial, que hoje é pago em cotas de R$ 150,00 para famílias de uma só pessoa, R$ 250 para famílias de duas ou mais pessoas e R$ 375 para mães chefes de família monoparental.  

Um valor que diante do preço da carne bovina, por exemplo, não supre as necessidades de famílias desempregadas, que cada vez mais têm buscado as ruas para receber doações e até morar, já que muitas também não conseguem mais pagar aluguel de moradia. 

O país, que retornou para o mapa da fome da ONU em 2018, maquia suas adversidades, e o auxílio, na verdade, acaba por não funcionar para a maioria da população, sendo apenas adequado em sua forma semântica, mas não na prática. 

 A triste realidade é de que a alimentação, necessidade básica de qualquer ser humano, e também um direito social que faz parte da Constituição Federal do Brasil, em seu artigo sexto, está cada dia mais escassa para as populações periféricas, tornando-se privilégio e não mais prioridade. 

Nos objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em seus itens 1 e 2 estão previstas para a Agenda 2030: a erradicação da pobreza e da fome. Mas aqui no Brasil, o retrocesso parece não querer que os mesmos sejam atingidos, pois em 2021, quando não se morre pela letalidade do coronavírus (que já alcançou mais de 500 mil mortos), nas favelas e ruas morre-se de fome, miséria, falta de assistência médico-hospitalar, violência doméstica, operação policial e bala perdida. 

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