Senhor gerente, tenho direito ao auxílio.
Meu nome é Rivaldo.
Desculpa a falta de educação, mas preciso fazer um desabafo.
Já vendi de tudo um pouco: cachorro-quente, pipoca, biscoito…
Fui da praia, da praça e do metrô.
Só que, como hoje nada pode, estou aqui na frente do doutor.
Tive que provar que mereço de verdade.
Vi muita gente fingir necessidade.
Com o dinheiro que vou receber, nem dá pra comprar todo o material.
Conta que não fecha no final.
Numa fila de três horas, confesso que estou aflito.
Bem mais que reais, um pouco de dignidade já me daria um alívio.
Os grandões não imaginam o quanto eu pago de luz, só fazem taxar.
Eles preferem mais a bandeira vermelha do que a verde e amarela.
Realmente, um gerente não tem nada a ver com os meus problemas.
Mas pense o quanto o Brasil sofre com os esquemas.
Fraudes, falta de educação e políticos querendo fazer nome.
É triste ficar entre a doença e a fome.
Com tantos iguais a mim, sei que o senhor deve estar cansado.
O valor ajuda, mas não tampa os buracos.
Sou só mais uma estrela apagada na constelação da ordem e do progresso.
São milhões pedindo o que eu peço: respeito.
poema escrito originalmente no jornal A Voz da Favela edição de Julho
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