Na manhã deste sábado, 20 de dezembro, moradores do Complexo da Maré, junto com diversas entidades, caminharam pelas ruas da comunidade. O objetivo das mais de duzentas pessoas que estavam ali foi o de clamar por justiça, paz e direitos humanos, um deles a segurança pública. Pois há duas semanas, Matheus Rodrigues, de 8 anos, foi morto com um tiro de fuzil na nuca, dado pela Polícia Militar, na Baixa do Sapateiro. E na madrugada desta última quinta-feira, outros quatro moradores da comunidade do Parque União também morreram da mesma forma, quando a CORE invadiu as ruas da favela.
Gláucia Marinho, que estava na passeata expõe o que pensa da política de segurança do Rio de Janeiro. “Estou aqui porque eu não concordo com essa política de segurança do Governo do Estado, ela pune os mais pobres. É importante estarmos aqui para barrar essa política, pois em menos de 15 dias, só aqui na Maré, morreram cinco jovens. Acho que a segurança pública existe, mas não para a nossa classe. Ela favorece a elite e não aos pobres, os pobres são alvos dessa segurança”, diz.
Segundo Lourenço César, essa é mais uma forma de mobilizar a população. “A idéia da passeata é a de mover a sociedade, porque o governo só muda quando a gente muda também”. Para Silvia Fernandes, que também participou da passeata, “Estamos lutando pela vida, e vida para todos. É importante que a nova geração, que todos que estejam passando por esta mesma situação, comecem a construir algo diferente, não adianta só exigirmos das autoridades, precisamos fazer alguma coisa, e essa é uma forma”.
De acordo com Francisco, também morador da Maré, deve existir a igualdade social para que tudo isso acabe. “Eu me sinto oprimido, a sociedade precisa ser mais justa, e a divisão de renda deve ser uma dessas formas. O que a gente percebe, é que o rico, fica cada dia mais rico, e o pobre cada dia mais oprimido dentro das favelas”, conclui.
E a intenção desses moradores é o de continuar a luta por essas reivindicações, de mobilizar todos os outros moradores da Maré, todas as outras favelas do Rio de Janeiro, e todos aqueles que sofrem diariamente essa dura e triste realidade. Esse convite é para todos aqueles que se indignam com tantos sangues inocentes derramados dentro das favelas, mesmo que não more dentro de uma delas!
Por Gizele Martins, Silvana Sá e Douglas Baptista