A jornalista e escritora Jéssica Moreira, cria de Perus, bairro da periferia da região noroeste de São Paulo lançou em novembro desse ano seu primeiro livro autoral “VÃO: trens, marretas e outras histórias”, que traz o dia a dia dos trens da linha 7-Rubi da CPTM, na região noroeste de São Paulo.
“Dentro do aperto da lotação dos trens e de todas as dificuldades que encontramos ao utilizar esse transporte, há muita vida, muitas histórias a serem narradas”, aponta Jéssica Moreira.
A escritora relata em crônicas e poemas a realidade e a dureza de quem utiliza o transporte todos os dias. O livro foi escrito durante as próprias viagens de Jéssica e ela nos contou sobre a inspiração para o livro.
“A minha inspiração para escrever esse livro foi a possibilidade de contar as histórias que eu via dentro do trem. Minhas grandes inspirações sempre foram as pessoas, os trabalhadores, os marreteiros e as marreteiras (vendedores ambulantes), pessoas que vendem mercadorias dentro do trem com toda a criatividade e ainda precisam correr dos guardas e dos policiais ferroviários. Eu sempre os admirei, por conta disso eles são os grandes personagens deste livro. Eu também cresci ouvindo muitas histórias e sempre me encantei com todas elas”.
Saiba mais sobre o livro da escritora da periferia
O livro oferece 124 páginas que podem ser lidas de forma leve em uma viagem de trem. A leitura faz com que cada leitora ou leitor se sinta como passageiro em meio aos ruídos, trilhos, vãos e textura.
“Com uma escrita que perpassa o apuro descritivo da crônica e os sobrevoos e rasantes do poema, a autora focaliza os entreatos que divisam o trem da plataforma, buscando os eventos que lhe demarcam como território de fenômeno populacional para além das tipologias capitalistas. Nesse livro, Vão, gente é gente mesmo – indivíduos e sociedade – percorrendo as dobras das materialidades e intersubjetividades a cada paragem, através de texturas, sons e espessamentos explorados habilmente pela autora”, é o que diz a escritora Paloma Franca Amorim, que assina o prefácio do livro.
Jéssica observou muito para escrever, mas também realizou muitas trocas com as pessoas sobre as quais ela escreveu.
Para mim, não fazia sentindo ter um livro que não dialogasse com as pessoas, pois eu falava sobre elas.
Perguntada sobre quem ela pretende alcançar com o livro, a autora disse, “Eu quero muito que esse livro chegue nas periferias, nas escolas públicas, na juventude, nas pessoas que vão se identificar com tudo o que foi escrito. Espero também, que o livro ocupe outros espaços, outras regiões, outras pessoas da literatura”.
Para quem é da periferia e sonha em torna-se um escritor (a), Jéssica deixa um recado importante.
“Leia muito, mas não leia apenas livros. Leia as situações da vida, pequenos trechos por onde você passa. Leia as pessoas, os lugares, sua família. Leia nossos contemporâneos, tem muita movimentação poética pelo Brasil. Leia tudo, até bula de remédio. Leia de todas as formas que puder, ouvindo, olhando, pegando o livro nas mãos”.
Sobre a autora
Jéssica Moreira é cronista de trem, poeta de janelas, escritora e jornalista de vida. É cria de Perus, bairro da periferia da região noroeste de São Paulo, onde nasceu em 1991. É uma das autoras de Queixadas – por trás dos 7 anos de greve (2013), Heroínas dessa História – mulheres em busca de Justiça por familiares mortos pela ditadura (2020), Longe de Monte Carlo (2020) e Chão Vermelho (2021). Formou-se em Jornalismo pela Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação e integrou a turma de 2020 do Curso de Preparação do Escritor (CLIPE) da Casa das Rosas (SP). É cofundadora do Nós, mulheres da periferia, é repórter da Agência Mural de Jornalismo das Periferias, coautora do Blog Morte Sem Tabu (Folha de S. Paulo), integra o coletivo poético Terracota e é uma das organizadoras da FLINO (Festa Literária Noroeste).
Redes Sociais: @jessicaapmoreira e @livrovao (no Instagram)
“Como cofundadora do Nós, mulheres da periferia, e repórter da Agência Mural de Jornalismo das Periferias, há pelo menos onze anos eu venho refletindo sobre periferia, sobre território, sobre como é viver nas periferias, sobre como é ser uma mulher negra da periferia, então o meu olhar foi sendo aguçado pelas matérias que eu fazia, ouvindo muitas pessoas, principalmente nessa escuta das mulheres, que é uma escuta muito qualificada sobre os territórios”, concluiu a autora.
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