Compreender a legitimação social do extermínio significa para a sociedade, trazer à tona toda a violência sistêmica imposta historicamente sobre os corpos negros. Que por si só deve ser entendida como inaceitável a um regime democrático, ao convívio, equidade, à segurança e à cidadania.
O seu traço fundamental é ser constituído enquanto uma mentalidade, dentro de um processo político-ideológico com a podre relação de poder e um nítido propósito de destruição de vidas, endossado na necessidade de exclusão do outro, daquele e dos indesejáveis. “Coisificando” a vida!
O extermínio, enquanto dinâmica social é fruto fundante dos conflitos sociais gerados pela negação da existência da população negra, indígena, comunidade LGBTQI+, mulheres e, principalmente, “os matáveis” os jovens negros, esses são os que mais morrem neste país.
A desigualdade social deita sonolenta na cama da miséria, em sono profundo com a morte, juntas estabelecem uma crescente concentração de renda nas mãos de pequenos grupos, gerando uma marcante diferenciação entre os que tudo têm e os demais, que nem sequer podem SER.
Para uma grande parcela da população negra e periférica resta como perspectiva a sobrevivência em meio a pobreza e a miséria, ou o envolvimento com o cruel e perverso poder paralelo, em esquemas de proeminente violência. A vida torna-se artigo, coisa sem valor onde a morte é comum e banalizada.
Em relação ao conceito de extermínio, embora do ponto de vista de um homem negro, periférico que encontrou nos livros e na escuta outros aprendizados e caminhos, tento preservar um cuidado na utilização dos termos, a realidade tem sido dolorosa em reafirmá-las.
As expressões “execução sumária”, “assassinato em massa”, “eliminação”, “chacina” e “desova” escondem todas as histórias de vida de gente pobre, social e ideologicamente excluída, alvo do projeto de higienização social, de quem pensa a vida do outro com tanta insignificância pelo status do poder financeiro, poder político e sócio ideológico, e para quem tem destinado apenas, como projeto, a expectativa do “bolo crescer”.
Portanto, sem projeto de vida enquanto indivíduo, e sem projeto social enquanto coletivo, para uma parcela da sociedade resta o projeto do extermínio simbólico ou real. E essa grande fatia do bolo é preta, pobre e periférica!
Produção: Marcelo Teles- Ativista do movimento negro, morador da Ladeira da Preguiça, em Salvador, coordenador do Coletivo Resistência Preta/Centro Cultural que ladeira é essa?
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