"A arte precisa das pessoas perto, o toque, a troca, a experiência, a vivência, a convivência, o olhar, o falar, o ouvir, o estar, o passar, a passagem, todas essas e muitas outras coisas que arte nos proporciona"- Crédito: Arquivo pessoal
“A arte precisa das pessoas perto, o toque, a troca, a experiência, a vivência, a convivência, o olhar, o falar, o ouvir, o estar, o passar, a passagem, todas essas e muitas outras coisas que arte nos proporciona”- Crédito: Arquivo pessoal

Ademilton Barros da Silva, 32, paraibano, negro, pai, artista, ator de rua, dançarino, percussionista, rabequeiro, diretor artístico, professor e brincante.

Ele também é Gestor Cultural na cidade de Pedras de Fogo/PB, tem graduação em Arte Cênicas pela Universidade Federal da Paraíba- UFPB, e pesquisador sobre o Treinamento do ator e atriz na rua a partir das matrizes corporais do Caboclo de Lança do Maracatu Rural.

Aos 17 anos, Ademilton já ministrava oficinas de teatro para um grupo de jovens em Caricé no distrito de Itambé/PE. Tudo isso para dizer, que a experiência da troca de saberes sempre o emocionou e sempre foi um lugar que despertou curiosidades e inquietações.

Quando está trabalhando se dividi entre as fronteiras de Paraíba e Pernambuco, Itambé/Pedras de Fogo, mas mora em João Pessoa, lugar muito estimado onde consegue desenvolver seu fazer artístico.

No grupo de teatro, participou de espetáculo na qual as temáticas apresentadas nos espetáculos eram: violência contra a mulher, psicológicas, físicas, entre outras.

“Apresentávamos nossas esquetes nas escola das duas cidades Itambé e Pedras de Fogo. Daí foi só ladeira abaixo a paixão pelo teatro e a experiência da sala de aula vem junto a toda essa descoberta do universo teatral”, comenta Ademilton Silva.

A escolha em ser ator e professor, veio através da imersão nas artes desde os nove anos, com os primeiros passos no universo do teatro na Escola Bezerra de Menezes na cidade de Itambé/PE.

“Acredito que minha arte influencia a vida das pessoas a partir de como eu entendo o meu fazer artístico! Penso na minha arte, seja o teatro, a dança ou a música, como uma inspiração artística que vá dialogar com os mais diversos públicos, desde trabalhador rural ao engenheiro. Que aquela obra artística consiga tocar os dois com mesma intensidade e potência, embora a profundidade da análise seja diferente”, desabafa Ademilton.

Crédito: Milena Medeiros

Carreira artística 

Desde 1997, Ademilton Barros atua nas artes, mergulhado no universo teatral. Ele também se identifica como músico, dançarino e produtor cultural.

Ademilton é fazedor de arte e cultura popular desde sua infância, mergulhado na tradição do Cavalo Marinho há mais de uma década. Contra mestre e figureiro do Cavalo Marinho Boi Maneiro de Itambé/PE (Figureiro – brincante do folguedo popular Cavalo Marinho responsável por colocar as figuras (personagens) durante a brincadeira).

Crédito: Arquivo pessoal

Todas as inspirações vêm dos seus mestres e mestras, como ele mesmo diz “todos e todas aquelas pessoas que me ensinaram algo, e são inúmeras as pessoas que já atravessaram meu ser artístico e meu ser pessoal, e digo de passagem que eles sempre caminharam juntos. Esses seres que sempre me ensinaram coisas da vida, da brincadeira da cultura popular, do fazer arte e do ser arte”.

Pandemia e a arte

Em janeiro de 2019, Ademilton foi aprovado em um edital com seu espetáculo solo “À Luz do meu Erê”, mas precisou interromper as produções por conta da pandemia da Covid-19. Adiou vários trabalhos com data firmadas e com cachês já antecipados, coisa rara na arte, mas que não teve como apresentar suas obras até então.

Desde o começo da pandemia, houveram e ainda existem muitas dificuldades no trabalho e na vida pessoal. Encarar essa realidade desafiadora do distanciamento social, isso para quem tem sua vivência no contato físico como uma das suas fontes de inspiração é algo que incomoda bastante.

Ademilton foi obrigado a parar todos trabalhos artísticos, “a arte precisa das pessoas perto, o toque, a troca, a experiência, a vivência, a convivência, o olhar, o falar, o ouvir, o estar, o passar, a passagem, todas essas e muitas outras coisas que arte nos proporciona”, declara Ademilton.

Gosto de falar de questões sociais, coisas do cotidiano, coisas do interior, da luta contra o racismo e todas as formas de desigualdade social- Crédito: Arquivo pessoal

“Se cuidem, usem máscara, tomem a vacina, se protejam da melhor forma possível para assim também cuidar dos seus. Para que tudo isso passe o mais rápido possível e voltemos a nos abraçar e vivenciar a arte e a vida! Viva a ciência, Viva a vacina e Viva ao SUS”, comenta Ademilton.

Homenagem: Alma de Negro

Tenho alma de negro gritando na multidão

Tenho molejo, carisma, malicia e arte pulsando  no coração.

Respeite este negro trabalhador que por muitas vezes suporta o preconceito, só porque dizem que é agente é de cor.

Mais afinal existe gente de cor?

Ahh…cor é apenas cor, mas negro, negro ele é sim com muito amor.

Branco , amarelo ou pardo, seja lá que nome for, assumo minha beleza, orgulho da minha raça e do meu valor.

Meus olhos negros, puros e belos, assim é que eles são, as vezes serenos e tranquilos outras vezes um vulcão.

Cabelos crespos e mãos de trabalhador .

Que ao tocar uma rabeca encanta a todos com muito fulgor.

Sim, sou musico, bailarino, ator e professor .

Sou um artista sim, meu senhor!

Sou negro, vim do interior, sou nordestino, filho, pai e trabalhador.

Sou menino, homem e um sonhador!

Autoria: Priscila Cardoso

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