A diferença entre Brasil e Honduras.
Observando os acontecimentos de Honduras, me vieram vagas
lembranças de sofrimento de nossos líderes brasileiros. Está na cara que o
governo brasileiro caiu numa “armadilha castelhana”, quando decidiu comprar a
briga estabelecida em Honduras.
Na verdade, ele estaria cedendo às provocações de Miqueletti
ficando cada vez mais distante do que se pode chamar de medidas diplomáticas em
defesa da democracia. Defesa por defesa, já tivemos aqui mesmo na América
Latina, vários atos de desrespeito aos direitos individuais e nem por isso o
Brasil adotou a mesma postura. Aqui nas favelas do Brasil nós, lideres
comunitários, apesar de esgotarmos todas as tentativas na mediação de um
conflito estabelecido, ainda prevalece o ditado da sabedoria popular que diz:
“Advogado de pobre é intrujão”. Não muito diferente diz o Livro Sagrado: “Deixe
que os mortos enterrem seus mortos”.
Durante anos temos noticias de líderes comunitários que
foram depostos de seus mandatos, líderes eleitos pelo voto popular de
comunidades carentes. Onde está a diferença entre o Presidente de Honduras
Manuel Zelaya e o Presidente de uma Associação de Favela ou Comunidade? nenhuma, pois democraticamente
foram eleitos e, posteriormente, depostos de seus mandatos. Mas seus direitos
não são os mesmos que os de Manuel Zelaya, garantidos pelos nossos Governantes.
Com este artigo queremos abrir os olhos dos Governantes
brasileiros e de toda a Sociedade sobre a Democracia
esta seja respeitada em defesa de nossos lideres Comunitários. São homens e
mulheres lutadores e sonhadores, que quando empossados juram defender sua
pátria amada. Pedimos a vocês Governantes e autoridades brasileiras que saiam
em defesa dos nossos líderes
comunitários brasileiros com a mesma sede de Democracia e Justiça que estão
defendendo Manuel Zelaya.
Por fim, achamos que o Brasil deveria lutar por uma relação
diplomática sim, mas com todos. Não deveria sentir-se responsável por questões internas
de outros países. Devia esperar que eles se resolvessem para depois continuar
atuando no cenário mundial sem seqüelas nem resvalos de uma briga que não é
nossa.
William de Oliveira
Presidente do Movimento Popular de Favelas