Esperança, persistência e fé são os ingredientes que têm movido cada um de nós nesses dias tão turbulentos e de densas trevas. O clamor por paz e o grito de socorro tem alimentado o nosso cotidiano, e cada um dos moradores daqui tem vivido com a esperança acesa.
Na última semana, um série de reportagens em um grande telejornal do Rio, que virou um minidocumentário e revelou os bastidores do atual cenário nefasto da cidade, trouxe à tona verdades de um projeto mergulhado em corrupção, desvios de milhões de reais e mortes. Ali ficou claro o que já conhecíamos: o cenário todo foi desenhado para inglês ver durante o período dos grandes eventos. Pois bem, ele veio, viu e foi embora. Mas nós ficamos com os rastros de destruição e dor. Enormes manchas de sangue indicam e mostram as mazelas sobre as quais tudo foi planejado e elaborado.
Hoje, sete anos depois, o panorama é de desolação e tristeza cercado por incertezas e muitas perguntas a serem respondidas. O governo falhou de forma covarde e vem insistindo nesse plano de segurança cheio de erros. Dinheiro não há mais, apenas estratégia ineficaz e amadorismo de forma explícita.
Mesmo em meio a todo esse cenário, existe um povo que sonha em sair do meio dessa guerra insana, crianças que ainda são alimentadas pela motivação de pessoas que insistem em continuar a lutar por um mundo melhor, a começar por aqui mesmo. Há sempre oportunidades a diversos moradores. Posso citar o caso do fotógrafo e amigo Bruno Itan, que persiste em mostrar a favela com um olhar diferenciado, ensinando as técnicas da fotografia a vários outros moradores.
Tem a Mariluce Mariá, que com o projeto Favela Art ensina, através das cores, valores a mais de 100 crianças, sem deixar de falar da Ellen Serra e seu Vidançar, que traz estímulo e esperança com aulas de balé e dança. Temos ainda o Clube da Luta do Rafael Espíndola, o Luciano Medeiros com suas ações sociais, Saulo e Geleia com muitos garotos sonhando com o futebol, além de tantos outros que não citarei aqui, mas que são grandes guerreiros e guerreiras que lutam diariamente, sem esforços para driblar as adversidades e tentar blindar os que mais sofrem com tudo isso: os pequenos.
Onde vamos parar? O que o governo quer com tudo isso? Quantos mais precisarão morrer para que cesse essa guerra sem lógica e sem precedentes? Estamos vivendo com medo do próximo passo, estamos com medo de cruzar o próximo beco. São tantas incertezas que as doenças se multiplicam, os nervos ficam à flor da pele, as dores de cabeça são intensas e constantes.
Agora, talvez, só mesmo uma intervenção divina possa nos salvar, porque se continuarmos esperando desses nossos corruptos governantes, estamos sentenciados a morte.
Paz para as favelas! Paz para o Rio de Janeiro!