Na noite deste domingo, 26, o Brasil alcançou o número de 2.419.901 de casos do novo coronavírus, com 87.052 mortes, segundo o consórcio de veículos de imprensa. Mesmo com a alta contínua dos casos e de mortes, quem passou ontem pela orla do Rio de Janeiro pode ter imaginado que a pandemia já acabou
No dia a dia carioca está cada vez mais normal ver pessoas voltando a suas vidas “normalmente”. Normalmente entre aspas, pois achar normal morrer mais de 1 mil pessoas por dia no país não deveria ser considerado o novo normal. O solzão de domingo levou muitas pessoas a praia, pessoas na areia, se divertindo, tomando banho de mar. Vale lembrar que nenhuma dessas ações está liberada no plano de flexibilização social do carioca.
Não só na cidade do Rio, mas na Praia de Mauá, 5º distrito de Magé, na Baixada Fluminense, a quarentena não existe. O calçadão da praia vive lotado, pessoas e crianças brincando na rua como se nada acontecesse, festas de aniversário, ruas lotadas, festivais de pipa, uma movimentação que só se via em período de férias de final de ano ou carnaval. Será a pandemia o novo carnaval fora de época para algumas/muitas pessoas? Passando pelos stories no Instagram, a resposta para essa pergunta seria sim.
Banalizar a morte é uma atitude corriqueira no Brasil, um país em que mais morrem pessoas negras, pobres, periféricas e faveladas. Tal banalização é melhor explicada no conceito cunhado por Hannah Arendt chamado “banalidade do mal”, onde basicamente o mal se torna tão presente que acaba virando algo normal. Essa atitude não empática se mostra presente tanto com as mortes do Covid-19, em sua maioria de pessoas negras, quanto na morte de pessoas pretas faveladas em ações policiais. O “novo normal” que tanto falam acaba sendo o normal de sempre: a banalização da morte de vidas negras.