A favela como inspiração: Providência será tema de expo

A favela já inspirou filmes, livros, músicas – muitas delas, por exemplo, são de autoria dos próprios moradores. Portanto, eu, enquanto moradora do Morro da Providência, tenho o maior orgulho de informá-los que, em maio, a Galeria BNDES recebe uma exposição comemorando os 120 anos da Providência, a primeira do Brasil e quiçá, do mundo. A exposição vai se basear no acervo do fotógrafo Maurício Hora, nascido e criado na favela.

Maurício é um daqueles moradores que tem a Providência como ponto de partida e, através da arte, coloca a favela e os favelados em evidência de uma maneira que só o olhar treinado de um fotógrafo é capaz de expressar. Existe uma exposição na Casa Amarela, espécie de casa de cultura, criada por Maurício no alto do Morro, que também conta com diversas fotos de temporalidades distintas da favela, onde qualquer morador ou curioso pode chegar para ver. E é gratuito!

Levar a história da favela para fora, porém, é sempre um ato louvável e transgressor. É confirmar aquilo que a gente sempre diz: aqui existe arte, história e cultura. Na favela, não há só violência. Existe muita gente querendo transgredir àquilo do que as taxam diariamente. Só não enxerga isso quem está cego pela ignorância e o preconceito.

Nosso papel, como morador de favela, diante de iniciativas que buscam mostrar o outro lado da nossa história é valorizar e somar. Esse tipo de atitude pouco a pouco quebra as barreiras do estereótipo centenário que cisma em nos colocar exclusivamente sob estatísticas negativas. Vivemos tempos sombrios, mas precisamos apreciar os momentos de esperança.