O Brasil tem cerca de 205 milhões de pessoas, sendo destas 144 milhões de eleitores, algo em torno de 70% da população nacional que vota, ou deveria votar. As favelas do Rio de Janeiro tem em torno de 2 milhões de pessoas, segundo pesquisa de 2014 do Data Favela. Fazendo uma projeção pela média nacional, teríamos, aproximadamente, 1,4 milhão de eleitores, morando nas favelas cariocas.
O tema é importantíssimo, sobretudo em um cenário de descontentamento com os políticos aí postos, falta de representatividade e necessidade de renovação do quadro político.
Para entendermos o quanto esses números acima são expressivos vale olhar os seguintes dados. O PSOL, que é um partido pequeno mas com uma bancada numericamente expressiva no cenário carioca, elegeu cinco deputados estaduais e três deputados federais, utilizando-se de 800 mil votos. Falo do PSOL por ser, também, um partido que trabalha com recursos financeiros escassos, como é o caso das comunidades periféricas sabotadas pelo capital financeiro.
Onde quero chegar? Com a licença de simplificar e sintetizar um pouco o debate, é que, se a favela fosse um partido ou criasse a ideologia de votar somente “nela”, poderíamos eleger quase o dobro do que o PSOL elegeu há quatro anos, somente com nosso capital eleitoral.
Obviamente, a prática é mais complicada que o discurso teórico simplificado. Entretanto, a favela, mais do que qualquer outro espaço, tem um capital eleitoral gigante a ser explorado, porém, chegou o momento deste capital ser usado pelo e para o favelado. São, aproximadamente, 1,4 milhão de eleitores, mais os agregados. Se organizar direitinho todo mundo se sente representado.