Bem parecido com os momentos que antecederam a invasão do Iraque, um silêncio sepulcral em Bagdá marcou a expectativa dos primeiros movimentos americanos em solo iraquiano. De repente as primeiras bombas. Não haviam preocupação com escolas e hospitais. Onde caíssem não tinha importância, eram apenas iraquianos.

O motivo  para justificar a invasão era simples – Sadam tinha um arsenal atômico em seu poder, só que os inspetores da ONU nada encontraram.

Reservadas as devidas proporções, passavam das 07 horas da manhã do dia 14 de outubro de 2012,  quando os primeiros caveirões entraram na favela do Jacarezinho. Mais parecia um desfile pirotécnico. O circo e não o cerco estava armado na favela. Tinha aqueles que preferiam comparar com desfile de Escola de Samba. Na Comissão de frente uma grande disputa interna entre os “Especiais” – A Core queria ficar na frente do Bope, enquanto o Batalhão de Choque desejava passar à frente do Bope. Já no alto os helicópteros davam seus rasantes apontando suas pesadas armas para os moradores. Isto porque, não havia mais um bandido sequer. Haviam sido avisados com antecedência, através da mídia sensacionalista. A diferença é que Sadam não tinha para onde correr, já por aqui nas favelas, há lugar de sobra. A final,  são mais de duas mil  no Estado segundo a Federação das Favelas do Rio de Janeiro.

Outra diferença é que o governo estadual chama isso de projeto de “pacificação”, onde os policiais são muito bem preparados para lidar com as pessoas das favelas. Passam por um treinamento também “especial” que chega fazer inveja aos monges do Tibét. Outra promessa é que chegam também inúmeros projetos sociais para amenizar a entrada da força bruta.

Aí a comparação com o Iraque fica mais perto. Lá até hoje ainda não encontraram nenhuma arma química. Aqui até agora próximo de completar um ano de invasão policial, nem sinal de projeto social. A rima é bonita, mas a realidade e cruel e feia. Tem casas ameaçando cair, pois a CEDAE, não se faz presente, postes caindo com os sub serviços promovidos pela Light,  ruas e becos escuros, esgotos entupidos (dezenas), sem exagero, um verdadeiro caos.

Gostaram do Iraque, ainda estão lá. As pessoas,  além de perderem a liberdade, continuam sendo mortas.

Aqui na favela do Jacarezinho também gostaram. Os moradores não têm privacidade e mesmo com o termo de pacificação, as mortes continuam acontecendo. Isto sem falar dos abusos, arbitrariedade e autoritarismo.

Estes policiais que só agora a população do asfalto pode conhecer a partir das manifestações democráticas no centro do Rio, onde praticam os mais absurdos abusos, são os mesmos que se encontram nas favelas desde dos tempos da escravidão. Apesar de serem chamados de UPPs, não passam de capitães do mato atual.

jacarezinho