Mais um dia deprimente para este país combalido. A democracia, coitada, é só uma palavra vazia de sentido nestes momentos atuais. O Congresso Nacional protagonizou mais um espetáculo ridículo, tenebroso, incompatível com o que desejamos que seja uma República. A votação que livrou a cara do presidente golpista trouxe à tona, mais uma vez, esta horrenda galeria de pessoas públicas que atropelam, com argumentações patéticas, o interesse público.
9 em cada 10 brasileiros rejeitam Temer e queriam que a investigação seguisse. Isso foi completamente ignorado. A justiça, o direito, a lei, o bom senso exigiam o óbvio: investigar um presidente flagrado, grampeado, em conversas escusas, tipo máfia, com um típico megaempresário corruptor e investigado. Aconteceu com Temer o mesmo que aconteceu com Romero Jucá: nada.
República é, antes de tudo, um conjunto de posturas e deveres. Democracia é, antes de tudo, um processo de escuta da sociedade. Democracia e República estão pervertidas em nosso país. Deveríamos criar novos conceitos para definir o que se passa com nossas instituições e regime político. Fascismo é uma palavra antiga e manjada, mas, por enquanto, acho que ainda é a melhor para o que se passa.
Tanques e homens fardados desfilam pela cidade do Rio de Janeiro. O Governo Federal investe muito em publicidade para divulgar esta enorme, caríssima e irrelevante ação. Já vimos este filme antes. Diversas vezes. Mas os telejornais aplaudem, vibram, se emocionam, esquecidos de nossa história recente. Essa combinação de congresso horrendo, executivo mafioso, população apática e tanques nas ruas é difícil de digerir.
Por enquanto, é o que temos: a cabeça dói, o corpo queda inerte, nossa cognição hesita. Continuamos em busca de uma nova logística da revolta. O que faremos para reinventar este país?