“A gente não pediu polícia e mandaram polícia…Não pedimos armas e mandaram armas. Estamos cerceados, por isso é importante que mais pessoas conheçam e entendam a favela’’. Foram com essas palavras que o líder comunitário Rumba Gabriel encerrou a visita de 50 universitários à Favela do Jacarezinho, na cidade do Rio de Janeiro no dia 05/02/2015.
Os estudantes participavam da 9ª Bienal da UNE, e estavam ali para conhecer e vivenciar a realidade dos moradores da segunda maior favela do estado do Rio, guiados pela ANF- Agência de Noticias das Favelas. De fato viveram o que rotineiramente acontece nas ruas e vielas da comunidade, puderam entender que a “pacificação” das UPP´s é uma utopia e que os moradores são carentes não de dinheiro mas, de atenção do governo que implantou as regras sem pedir licença.
Na manhã daquela quinta-feira os policiais estavam abusando da farda e de sua munição de guerra para amedrontar as famílias e principalmente as crianças que insistem em brincar na rua. Aproximadamente ao meio dia pegaram um menor e estavam prestes a dar um fim nele, como já aconteceu com vários outros, a comunidade ao avistar o grupo começou a gritar e suplicar por socorro. “Filma, denuncia, ajuda nós pessoal” era isso que se ouvia de pessoas que estão cansadas do abuso de poder. Vimos que algo estava errado e fomos todos para perto com câmeras e celulares nas mãos para registrar a truculência e crueldade dos que deveriam estar ali para estabelecer a paz.
O soldado Diogo Henrique ordenou que todos desligássemos nossos aparelhos, como não fizemos pediu os nossos documentos como uma forma de inibir o registro de seu total despreparo e de seus colegas. Ainda recolheu os documentos de dois estudantes, quando foi para a terceira, por ser mulher e também por a comunidade não permitir que ela entregasse, o próprio DIOGO HENRIQUE começou a gritar e constranger a universitária. Os representantes da ANF juntamente com os da UNE não permitiram que mais ninguém desse algum material para os policiais.
Após ameaçar levar todo mundo pra delegacia pelo simples fato de estarmos no lugar certo na hora certa, os soldados receberam ligações de seus superiores e 1 hora e 30 minutos depois, nos liberaram para degustarmos uma deliciosa Feijoada.
Juliana de Sá- (Juju de Sá)
estudante de Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão