O que vem à sua cabeça quando ouve falar da Baixada Fluminense? Violência, pobreza, descaso? Mais do que notícias ruins exibidas pela grande mídia sensacionalista, a Baixada é celeiro de arte, cultura e história.
A região é composta por 13 municípios: Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Nilópolis, Belford Roxo, Queimados, Mesquita, Magé,Guapimirim, Paracambi, Japeri, Itaguaí, e Seropédica. Não é de hoje que ela é importante, para o Rio de Janeiro. Desde o período do Brasil Colônia, já tinha sua importância, passando pela época da exploração de cana-de-açúcar ao escoamento do ouro extraído em Minas. Mesmo com esse histórico, a região é marginalizada. Grande parte disso se dá devido ao descaso das autoridades, seja na saúde, na educação e na cultura.
Segundo o Artigo 215 da Constituição Federal Brasileira, “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”. Mesmo assim, a região da Baixada Fluminense ainda é conhecida como um lugar que necessita de políticas públicas que possam garantir e valorizar o acesso da sua população a dispositivos culturais.
As relações culturais da região precisam de um olhar direcionado, promovendo assim uma valorização dos atores que estão fora dos grandes centros do nosso Estado. Aos poucos, a cena cultural da Baixada tem se transformado, mas essa ainda é uma realidade em processo. Precisamos de mais espaços culturais, de mais valorização de artistas e movimentos locais – e isso é um longo caminho.
Segundo o dicionário, “ocupar” pode ser definido como “preencher, encher ou estar”. Nesse sentido, ocupar se torna uma necessidade. As cidades e seus espaços públicos possibilitam encontros e trocas. Quando pensamos em ocupar esses espaços com arte, cultura e diversidade, estamos ressignificando nossas relações sociais, uma vez que essa troca é uma ação coletiva que tem um grande impacto na transformação das relações humanas e na forma como enxergamos o mundo.
Temos vistos surgir coletivos que promovem saraus de poesia, rodas culturais e feiras criativas, e que cada vez mais ocupam espaços antes ociosos. Porém, as demandas por ações culturais na região ainda são grandes. Muitas vezes, elas acabam não acontecendo por falta de espaço e incentivo. Para que isso aconteça, é necessário que nós moradores façamos pressão, mas também que haja atenção e apoio não só das prefeituras, mas também investimento dos três níveis de governo, favorecendo assim esse fortalecimento da diversidade cultural de forma estratégica e proporcionando a construção de um espaço de diálogo e valorização da cultura na região.