Foto: Caio Ferraz
Foto: Caio Ferraz
Foto: Caio Ferraz

2015. Rock In Rio, Cidade do Rock, Rio de Janeiro, Brasil. Terceira noite de um dos maiores eventos de Rock do mundo. A Cidade do Rock é uma dessas “aventuras” do empreendedorismo brasileiro que devemos ressaltar com orgulho. Só nesta edição do RIR serão 150 músicos que irão se apresentar nos cinco palcos do festival (Mundo, Sunset, Eletrônica, Rock Street e Street Dance), num total de 91 horas de programação. Os números impressionam pelo tamanho do evento e segundo os organizadores o custo deste ano será de 180 milhões de reais.

Segundo o próprio site rockinrio.com “das quatorze edições anteriores, cinco ocorreram no Brasil (1985, 1991, 2001, 2011 e 2013), seis em Portugal (2004, 2006, 2008, 2010, 2012 e 2014) e três na Espanha (2008, 2010 e 2012). Em 2015, o Rock in Rio acontecerá em Las Vegas, EUA, em maio, pela primeira vez. Em setembro, a sexta edição no Brasil acontecerá na Cidade do Rock. Combinando todas as edições já realizadas, mais de 7,5 milhões de pessoas já participaram do evento. Outro número que não para de crescer é o das redes sociais, nas quais o Rock in Rio está quebrando recordes com mais de 11 milhões de seguidores. Em termos de atrações, somando-se as edições brasileiras, portuguesas e espanholas, mais de 1.274 atrações musicais se apresentaram nos palcos do Rock in Rio, com um total de 1.200 horas de música, com transmissão para mais de 1 bilhão de telespectadores”.

Rock In Rio é uma marca de sucesso e que muito nos deve orgulhar porque foi pensada e desenvolvida pelo mago Roberto Medina. Os veteranos do Pop

A música dos Paralamas do Sucesso tem atravessado gerações. Do primeiro evento, em 1985, quando três jovens (Herbert Viana, Bi Ribeiro e Baroni) fizeram o público cantar suas canções, até o belo show de hoje eles não deixaram a desejar e cantaram muitas das canções da época. Herbert Viana continua um primor e com sua elegância deu seu recado: que venha o próximo Rock in Rio.

Em seguida entrou no Palco Mundo o cantor inglês Seal e suas memoráveis músicas.  O inglês, filho de imigrantes nigerianos e neto de brasileiros, levou o público ao delírio quando estendeu a bandeira do Brasil e disse que amava o povo brasileiro.

A noite era mesmo pra ser dos ícones e mitos do pop internacional. Elton John, clássico e exuberante, fez o público cantar suas canções como quem estivesse fazendo um happy hour para amigos íntimos. E ele é tão íntimo do RIR que parecia mesmo estar em casa. E estava. Foi lindo.

Em seguida o Palco Mundo ficou pequeno para ‘o setentão’ Rod Stewart. Uma multidão apaixonada se encantou e cantou suas belas canções. Ele, com sua inconfundível voz, fez bonito. Foi uma noite apaixonante para quem é apaixonado pela boa música.

Sir Elton John e Sir Rod Stewart juntos já venderam mais de 700 milhões de discos. Eis aí o porquê de o público saber as letras de suas canções. Maravilhoso foi ter visto que estes dois ingleses não competem entre si, eles são estrelas e sabem que só existe constelação porque uma estrela depende da outra.

A rebeldia que queremos do Rock

Rock In Rio é um estádio a céu aberto onde a plateia entra em campo e bate um bolão ao lado dos craques das vozes e dos acordes. Um público que vibra com cada nota musical, com cada obrigado de seu artista preferido, ainda que o sotaque seja carregado. E quando seu (sua) cantor (a) diz “eu te amo Brasil”,  aí cada convidado para esta festa eclética da música mundial se arrepia e retribui com gritos frenéticos.

Rock In Rio é festival de música para quem quer se embebedar de alegria ao encontrar amigos e fazer novos amigos. Todos numa só comunhão.

É uma pena que não temos neste grande evento a participação de jovens das favelas como convidados para esta que é a festa da paz, do amor e do Rock. Antes de ser uma crítica ao evento, fica aqui nossa sugestão para que os organizadores possam incentivar jovens das favelas a formarem suas bandas e, quem sabe, pelo menos duas bandas possam tocar num dos palcos do festival. Esta é e deve ser a missão de quem tem como música tema:

“E a gente não parasse mais de cantar, de sonhar… Que a vida começasse agora, e o mundo fosse nosso de vez. Que a gente não parasse mais de se amar, de se dar, de viver…”

(Rock In Rio, Roupa Nova)

Nós que desejamos um mundo melhor não podemos parar de sonhar, de amar, de dar, de viver porque o hoje e o amanhã dependem do mesmo espírito do Rock: o espírito de rebeldia. Para nós que acreditamos num mundo onde a oportunidade deve ser estendida a todos, gostaríamos de ver esta rebeldia das guitarras substituírem a lógica da guerra armada que tem dizimado nossos jovens nas periferias.