A representatividade negra no cinema

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Recentemente, o anúncio de que uma atriz negra, a Halle Bailey, representaria a Ariel da Pequena Sereia, da Disney, no cinema dividiu opiniões e gerou discussões nas redes sociais no Brasil. De um lado, pessoas alegavam que a Ariel era branca e não concordavam com a escolha da atriz e cantora negra para o papel. Do outro, comemoravam e defendiam a importância da representatividade em filmes infantis. Apesar da população negra representar 54% da população brasileira, ainda é difícil vê-los como protagonistas nas propagandas, novelas, filmes e até nos espaços públicos. A ocupação dos espaços públicos continua sendo o mais importante. A falta de representatividade durante a infância reforça o racismo e contribui para baixa autoestima da população negra. A história da criança negra que se sentia triste por não achar uma boneca que parecesse com ela, ainda hoje, se repete o tempo inteiro. Ao ver desenhos e filmes onde os personagens principais são todos brancos e de cabelo liso, é reforçado no inconsciente o padrão de beleza europeu, o qual se repete em filmes e propagandas nacionais e tem como consequência a baixa estima de quem é maioria numérica em nosso país. O contrário também é válido, o aumento da representatividade é um fator superimportante para o aumento da auto estima da população negra. O filme Pantera Negra, da Marvel, é considerado um marco histórico já que foi o primeiro filme de um super-herói negro. A partir dele, as crianças negras passaram a ter um super-herói que as representassem e as fizessem se se sentirem parte, incluídas. A questão do pertencimento se torna uma dificuldade quando, em todo lugar para onde você olha, só há uma cor representada, um tipo de cabelo e um único tipo de corpo. Por isso, a diversidade e representatividade são tão importantes. Mas ainda está longe de ser suficiente. Ainda há nas propagandas o reforço de estereótipos, a representação negra ainda não é o suficiente e a luta contra o racismo está longe de ser vencida. Mas, estamos avançando e todas as vitórias devem, sim, ser comemoradas: viva a Ariel negra!

  • Edição do jornal A Voz da Favela de agosto de 2019