O ex-ministro da Justiça Anderson Torres prestará depoimento nesta quarta-feira 18 e será questionado sobre o decreto de defesa do TSE encontrado em sua casa pela polícia quando ele curtia férias nos Estados Unidos. Ele está preso desde o último sábado num quartel da PM em Brasília e ontem foi visitado por uma psicóloga que atestou seu abatimento moral e alguma confusão mental, já que pergunta seguidamente “o que eu fiz para ser preso?” e “O que eu deixei de fazer?”
A angústia de Torres reflete sua incompreensão com a decretação de sua prisão pelo ministro Alexandre de Morais, já que julgava manter relacionamento cordial e respeitoso com o Supremo Tribunal Federal como instituição. A impressão que resta é que ele parece não captar a real importância do decreto de defesa encontrado entre seus guardados e transmite aos demais envolvidos na investigação policial insegurança quanto ao seu próprio futuro.
A defesa do governador afastado do Distrito Federal Ibaneis Rocha teme que a recusa de Torres em assumir a autoria do decreto de defesa do TSE, o que lança as suspeitas sobre o governador, advogado de profissão. Além do que a insistência em desconhecer as razões de sua prisão levanta questões sobre suas condições psicológicas e prejudica igualmente Ibaneis.
Outra pergunta que a polícia quer ver esclarecida é por que Anderson Torres estava de férias fora do país quando da invasão dos prédios em Brasília. Está cada dia mais difícil ele se explicar sobre seus passos e atos naqueles dias de ações terroristas, a ponto de seu silêncio diante das perguntas poderá complicar ainda mais sua situação no inquérito. É óbvio que sua ausência da capital teve o objetivo de tirá-lo do centro dos eventos para não se incriminar, o que, afinal, acabou por acontecer.
Como a a oitiva de Anderson Torres acontece logo cedo na quarta-feira, espera-se para noticiários vespertinos as primeiras notícias e as repercussões policiais e políticas do que o ex-ministro falar ou calar em seu depoimento.