Entre os dias 04 e 07 de novembro, aconteceu o Acampamento Terra Livre Bahia (ATL Bahia), com o tema “O Nosso Marco é Ancestral”. A programação foi realizada na Assembleia Legislativa da Bahia, na capital baiana. O evento teve apoio do Comitê Nacional Ação da Cidadania, que doou de mais de cinco toneladas de alimentos. A agenda anual é promovido pelo Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia- Mupoiba e reuniu cerca de 1.500 representantes de 32 etnias do estado.


O Coletivo A Parada é fome, que representa o Comitê Nacional Ação da Cidadania na Bahia, foi representado no evento por Manuela Ribeiro, Maria Nilma Silva Santos, Marli Almeida e Maria Diva dos Santos. Elas participaram das ações de apoio logístico ao encontro, das atividades culturais e dos debates nas plenárias. “Primeira vez que participo, uma experiência incrível que vou levar para a vida”, afirmou Maria Nilma. Na Bahia o coletivo mantém parcerias com organizações sociais e comunidades quilombolas para ações solidárias conjuntas sobre Segurança Alimentar e participa de debates sobre políticas públicas.


A doação incluiu diversos alimentos, como carne, e foi utilizada na refeição dos participantes do encontro, que agregou lideranças indígenas, coordenadores do Mupoiba, jovens e idosos em torno de debates sobre os direitos indígenas. “Em nome do Mupoiba, expressamos nosso profundo agradecimento à Ação da Cidadania pelo apoio e pela generosa doação, que simbolizam o reconhecimento da relevância das causas indígenas e representam uma importante parceria para a luta dos povos indígenas da Bahia, contribuindo para o fortalecimento dos direitos indígenas”, declarou o coordenador-geral do Mupoiba, Agnaldo Pataxó Hã-Hã-Hãe.


Luta por direitos
O ATL Bahia 2024 contou com representantes do governo estadual e membros de organizações sociais como o Conselho Indigenista Missionário – Cimi e a Associação de Ação Indigenista- Anaí. O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, acompanhado do secretário da Justiça e Direitos Humanos (SJDH), Felipe Freitas, participou das atividades e destacou as ações em curso. “O nosso trabalho é conjunto, e não vamos cruzar os braços. Vamos continuar desenvolvendo políticas públicas que atendam às pautas de vocês, de modo pontual e resolutivo”, afirmou.


Como acontece em outros estados, o evento é considerado a principal assembleia indígena da Bahia promovendo o diálogo e reafirmando a luta nacional contra o marco temporal para a demarcação das terras indígenas, além de celebrar a diversidade cultural e as tradições indígenas, através de rituais, danças e cânticos. Nesta edição o tema “O Nosso Marco é Ancestral” foi abordado em palestras, oficinas e debates que trataram do Marco Temporal, segurança pública, políticas de gênero e sexualidade, e preservação ambiental.


A vice-coordenadora geral do Mupoiba, Patrícia Pankararé entoou cânticos e abordou a ciência tradicional indígena e a ancestralidade, ressaltando que a sabedoria de seu povo é uma ciência viva e prática. As atividades com a juventude indígena, mulheres e professores, com
destaque para uma mesa sobre a educação indígena na Bahia atraíram a atenção do público e deram subsídios para as pautas de reivindicações das comunidades. Agnaldo Pataxó Hã-Hã-Hãe destacou a relevância política do encontro. “Direito não se negocia. Aqui é espaço de diálogo, e a presença de Jerônimo é importante porque simboliza o compromisso do governo com os povos indígenas”, declarou.