Publicadas no último dia 26, as informações socioeconômicas da edição de 2019 do Enem indicam que a cada quatro candidatos, três não tinham acesso à internet. Em números percentuais, essa quantidade equivale à 77,6% dos mais de cinco milhões de inscritos. O resultado divulgado pelo Inep – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, revelou o que os estudos pela internet em meio à uma pandemia pode significar para muitos alunos e inscritos do Enem 2020.
O acompanhamento do cronograma da prova no site termina com o comunicado: “Em função do impacto da pandemia do coronavírus, o Inep e o MEC decidiram pelo adiamento da aplicação do exame nas versões impressa e digital. Acompanhe as informações na Página do Participante, portais e redes sociais do Inep e do MEC para saber as novas datas”. Mesmo com o adiamento da prova muitos alunos, principalmente os de escola pública, continuam sem um ambiente adequado para continuar com seus estudos.
Em pesquisa promovida pelo Conselho Nacional da Juventude (Conjuve) em parceria com a Organização em Movimento, Fundação Roberto Marinho, Mapa Educação, Porvir, Rede Conhecimento Social, Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura (Unesco) e Visão Mundial, foi revelado que jovens com idade entre 15 e 29 anos estão perdendo o interesse de continuar os estudos pós pandemia e que quase metade deles disseram ter dúvidas sobre fazer o Enem 2020. O levantamento teve base nas respostas de 33.688 jovens espalhados por todos os estados do país.
Em entrevista para a Agência Brasil, Marcus Barão, vice-presidente do Conjuve e coordenador da pesquisa “Juventudes e a pandemia do Coronavírus”, disse que a pesquisa “visa construir uma base sólida de evidências, de dados, que sejam capazes de apoiar tomadores de decisão das esferas pública e privada na formulação de políticas públicas e projetos para e com a juventude no período de pandemia, tanto para o enfrentamento dos desafios de agora, como para a construção de perspectivas para o futuro”.
Em outro levantamento, agora feito pelo portal de notícias G1 junto às secretarias de estado, mostra que muitos alunos não estão acompanhando as aulas online, o que pode significar a falta de acesso à rede ou de um local adequado para se concentrar nos estudos. Como já publicado aqui, nas favelas e periferias brasileiras essa situação é mais comum do que incomum. Muitos alunos não conseguem estudar, por não ter um computador, e quando possuem um pacote de dados, eles não suportam a vizualização frequente de vídeo aulas.
Ainda de acordo com o “Juventudes e a pandemia do Coronavírus”, muitos jovens revelaram ter buscado uma complementação de renda para dentro de casa, fato que pode “prejudicar” o andamento dos estudos. A maior parte dos jovens que responderam ao questionário está no ensino médio ou na faculdade.