Hoje as favelas do todo o Brasil acordaram chorando a perda de um dos seus filhos mais ilustres. Wagner Domingues Costa, o Mr. Catra, nos deixou precocemente. Catra o Justo, o Fiel, o Humilde, o Paizão.
Cria do Borel, desde pequeno ele sabia que tinha vindo ao mundo para abalar e com certeza foi o que ele fez na sua passagem terrena. Poucos sabem mas Catra começou a carreira artística como guitarrista de uma banda de rock’n’roll. Era chamada o Beco, talvez uma referência aos becos do Borel. Mas foi na década de 90 que a música, mais particularmente o funk, iria mudar a sua vida de vez, assim como ele iria também mudaria a história do funk carioca e brasileiro. Grande letrista, fazia questão de exaltar as favelas. Assim como Cartola, Bezerra da Silva e Sabotage, tinha um orgulho enorme de ser cria de favela. Sempre exaltava as favelas nas suas letras. Principalmente o morro do Borel.
Catra revolucionou o funk carioca com suas letras mais ousadas onde relatavam o dia a dia do tráfico. Muitos diziam que ele fazia apologia ao crime, mas o que ele fazia era retratar o cotidiano dessas pessoas. Bezerra da Silva fazia quase a mesma coisa com suas músicas e das estórias no Morro do Cantagalo. Também foi acusado de fazer apologia à bandidagem, tendo seu estilo alcunhado de “Sambandido” por parte da mídia
Do proibidão ao funk erótico, Catra mostrou que talento e criatividade não faltavam a ele. Em 2001 lançou o disco “Bonde do Tesão” vendendo milhares de cópias. Mais uma vez serviria de inspiração para uma nova geração de funkeiros e MCs, que tem reflexos musicais até hoje.
Paralelamente tinha uma banda de rock pesado “Os Templários” e também gravou um disco em homenagem ao samba. Todos os trabalhos com a qualidade musical de sempre.
O Paizão parte deixando 32 filhos. Se bem que na verdade deixou milhões de filhas e filhos órfãos.
Vai na fé Mr. Catra e muito obrigado!