Adiós, amigos!

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Em 1996, a banda Ramones estava em turnê pelo mundo e deu uma boa passada aqui no Brasil. Foram shows emocionantes, com todo o público cantando. Então, me pergunto: se é tão bom, por que parou? Hoje, acho que tenho essa resposta. Talvez, pararam naquele momento para se manter no auge. Assim, entrariam para a história com uma carreira perfeita, sem passar por constragimentos motivados pelo cansaço, que é o principal gerador de desgastes, desencontros e tropeços.

Sem querer me comparar aos Ramones, mas entendo que meu tempo como colunista da Agência de Notícias das Favelas chegou ao fim. Preciso deixar a banda para me dedicar aos meus projetos solo. Apesar disso, considero que ter a oportunidade de produzir periodicamente textos que possuem o poder de intervir na sociedade é, com certeza, uma das coisas mais importantes que fiz na vida.

Tenho um amor que me consome – todo o tempo, toda a memória. Há tempos não consigo pensar em nada. Chama-se cinema; algumas vezes, audiovisual. Eu persigo este sonho desde 2008, passando por inúmeros projetos sociais onde consegui absorver conhecimentos que aproveitei para realizar alguns filmes que me levaram para lugares distantes da realidade que conhecia.

Foi através do cinema e da sua burocracia que peguei o know-how de elaborar projetos de toda a espécie. Com isso fui para na Secretaria Municipal de Cultura do Rio para colaborar na inscrição e consultoria de mais de 250 projetos na Zona Oeste. La, fiz amigos para toda a vida. Com essa graninha, fui montando aos poucos meu set de cinema, com câmera, tripé e uma ilha. Nem mais, nem menos. Até comprei uma lente cinquentinha (50 mm), mas tive que vender para pagar uma mensalidade da faculdade…

Não sei há exatamente quanto tempo estou escrevendo para o portal da ANF e para A Voz da Favela. Não tenho dúvida de que foram os melhores momentos na minha carreira de comunicador social até hoje, além de ajudar a estabilizar minhas contas pessoais com a grana da distribuição do jornal – mesmo não escrevendo, pretendo continuar a distribuir.

Ultimamente, tenho acordado com um aperto no peito por conta do retrocesso que estamos vivendo no Brasil. Os atuais governantes, sem propostas de desenvolvimento social, preferem a repressão total ao diálogo.

Eu preciso fazer um filme! Nem que seja para expressar esse aperto no peito. Por isso adiós, amigos! Vou precisar de um longo tempo de reflexão para conseguir, com poucos recursos, contar uma boa história, com edição de cinema, sem limites de caracteres.

Talvez, eu me torne mais um cineasta com o filme que nunca saiu da lata. Ou que o amor acabe apenas como fogo de palha. Seja como for, meu instinto esta me guiando. Vou seguir por estes novos caminhos. Já estou com saudades. Espero ver todos em futuro próximo nos cinemas marginais que existem por aí.

Até!