Na tarde da última quinta-feira (20), o Bairro do Recife, mais conhecido como Recife Antigo, foi cenário do encontro de vinte e quatro grupos de afoxés. A concentração aconteceu na Av. Rio Branco, de lá deu-se início a um cortejo até a Praça do Marco Zero.
O cortejo estava previsto para começar às 14h, mas somente a partir das 16h40 iniciaram-se os primeiros passos. O atraso ocorreu devido a um imprevisto no palco central, montado para as principais atrações do carnaval multicultural do Recife. Os equipamentos de som e iluminação só ficaram prontos por volta das 17h30. Enquanto isso, entre passos e paradas, a grande reunião de pessoas pôde seguir ao chamado dos clarins e, em seguida, ao ritmo dos tambores, alfaias e outros instrumentos de percussão.
Mãe Lúcia de Oyá, Yalorixá da comunidade do Ilê Axé Oyá Togun e coordenadora do afoxé Povo dos Ventos, falou sobre a importância do encontro e representatividade da cultura afro: “Estou aqui nesse encontro por perceber a necessidade de fortalecer o povo negro”.
Numa sociedade onde a intolerância religiosa é protuberante em desrespeito e discriminação, um evento como o Encontro dos Afoxés, já na terceira edição, permite que se conheça o que a cultura afro-brasileira expressa nas suas crenças mais de perto, além de fortalecer a luta contra a “intolerância e o racismo, pois, apesar de o racismo ser crime, é tido como injúria, crime de menor potencial ofensivo”, denunciou Mãe Lúcia.
O cortejo chegou à Praça do Marco Zero por volta das 18h15, quando houve a entrega de troféus para algumas mulheres, entre elas a secretária de Cultura do Recife Leda Alves e Mãe Lucia, simbolizando a força participativa da mulher na sociedade, bem como sua luta por atitudes de respeito, igualdade e contra o contexto machista predominante.
Finalmente, houve a entoação de cantos ao som da percussão, num ritmo negro, afro-brasileiro, que inspirou e que inspira alegria aos orixás e a todas as pessoas que semearam e que semeiam a gratidão em um momento de união, “porque unidos somos bem mais fortes”, nas palavras de Mãe Lucia.