A partir desta terça-feira (2), até o dia 31 de março, será exibida a segunda edição da Mostra Amotara- Olhares das Mulheres Indígenas, que aborda as criações dessas mulheres.
A mostra é coordenada pela pesquisadora baiana Joana Brandão, 37, desenvolve um doutorado em cinema indígena e Olinda Yawar, 31, produtora cultural e indígena do povo Tupinambá e Pataxó Hã Hã Hã.
Os indígenas sempre apareceram no cinema retratados de forma caricata e às vezes até folclórica, sob o olhar dos não indígenas.
Mas aos poucos, com o acesso à tecnologia facilitado, esse povo começou a botar as mãos na câmera e criar seus próprios filmes, para lançar seu próprio olhar sobre o mundo. E para lançar também um novo olhar sobre ele mesmo.
E, embora a produção indígena praticamente não chegue ao circuito comercial, há hoje um número expressivo de realizadores em diversas aldeias. E, sim, há também mulheres indígenas atrás das câmeras, dirigindo ou escrevendo as histórias.
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Diversidade
Os mais de 30 filmes na mostra, entre curtas e longas, são marcados pela diversidade de temas e também pela diversidade regional, já que há produções de dez estados brasileiros, incluindo a Bahia. O público terá a oportunidade também de conhecer diversas línguas indígenas, como guarani, maxakali, kaiabi e kaxinawá. Os filmes são legendados em português. Para estar na mostra, o filme precisava ter uma indígena na direção, roteiro ou fotografia.
Segundo Joana, os curtas e longas variam nas temáticas e também na estética: “Alguns tratam de conflitos, enquanto outros falam dos saberes indígenas, das anciãs, das parteiras, rezadeiras.
Tem um belo filme boliviano, Thakhi, que registra a volta de uma menina para a terra dela”. Mas há também roteiros que mostram o olhar das realizadoras sobre sociedades não indígenas.
Olinda tem três filmes na mostra: Equilíbrio; Kaapora, O Chamado das Matas e Mulheres que Alimentam. A cineasta diz que na aldeia dela não há outras diretoras e afirma que uma das razões dessa escassez de realizadores indígenas é que seu povo não tem acesso à formação em cinema. “Aqui na Bahia, a produção cinematográfica indígena é muito incipiente. Em outros estados, mesmo em aldeias isoladas, há acesso à formação”, diz Olinda.