Quando começou o ano de 2019, as parcerias institucionais, em Salvador, já estavam devidamente firmadas para iniciar a primeira turma do curso da RACC fora do Rio de Janeiro.
A ANF conseguiu montar sua sede, que seria a partir de então a base para a equipe local e os demais membros da agência pudessem ter um suporte, tanto na logística para os encontros com os estudantes do curso que tornariam os futuros colaboradores.
A Faculdade de Tecnologia e Ciências- FTC e a Companhia Elétrica da Bahia- Coelba, foram as instituições que acreditaram na proposta apresentada pela ANF.
Assim deu-se o primeiro passo para o nordeste sentir a maneira que a agência se empenha para a democratização da informação através da comunicação comunitária.
A ANF selecionou 25 comunicadores sociais de 25 periferias diferentes de Salvador, depois de um número recorde de inscritos. Em 45 dias, 185 pessoas enviaram suas intenções demonstrando o interesse em fazer parte da primeira agência de notícias das favelas do mundo.
E no dia 09 de março de 2019, teve início as primeiras aulas da turma da RACC, em Salvador.
A família ANF cresce em quantidade e qualidade, os novos colaboradores e comunicadores da ANF iniciaram uma trajetória de coletividade. E para brindar essa novo começo de era, aconteceu a primeira feijoada da família ANF em Salvador, com a presença da equipe local, alunos, parceiros e convidados.
Durante o primeiro semestre, a articulação feita com os outros estados começava a gerar frutos, foram chegando colaboradores do Ceará, Maranhão, Recife, além dos colaboradores de outras cidades da Região Metropolitana de Salvador.
“Minha motivação para escrever para a ANF foi justamente ver que o portal está comprometido com as causas e demandas das minorias, principalmente as populações periféricas. Nesse sentido, vi a relevância que é divulgar as potências das periferias e das agências positivas nesses espaços”, comenta Vicente de Paulo Sousa, colaborador da ANF, em Sobral (Ceará).
Jadson Nascimento, ex- aluno da RACC comenta sobre o que motivou em participar da do curso da RACC. “Veio da vontade de querer fazer algo pelo meu povo, do espaço que teríamos para poder oportunizar às vozes da favela, que por muitos anos estão marginalizados pelos grandes poderes e principalmente pela mídia que sempre nos apontam como a parte ruim da sociedade”.
Os trabalhos como o Minidoor Social também teve continuidade, não apenas em Salvador, ampliando a articulação para São Luís- Maranhão e Recife- Pernambuco.
As aulas da RACC aconteceram aos sábados, durante três meses, com atividades que reforçavam as ações comunitárias de cada agente nas suas periferias, seja com aulas sobre temas específicos da comunicação quanto com palestras de assuntos transversais.
No dia 16 de junho aconteceu a certificação da turma da RACC em Salvador, com a presença da cantora Margareth Menezes (uma das entrevistas para o jornal A Voz da Favela) e o jornalista Caco Barcellos.
“Fazer parte da agência de notícias é gratificante pois ela faz com que eu possa desprender de preconceitos impostos pela sociedade, me estimula a enxergar e valorizar mais as produções comunitárias, o mercado e a convivência do povo da favela. A agência serve como um divisor, ela quem me ensina a entender que o que fazemos dentro das nossas comunidades tem o valor tão importante quanto as produções que são divulgadas nas grandes mídias”, explica Jadson Nascimento, premiado com uma bolsa integral do curso de jornalismo pela Faculdade de Tecnologia e Ciências- FTC, colunista da ANF.
Segundo semestre de 2019 chegou, e a ANF continuou sua expansão pelo nordeste, desta vez aterrizou em Recife- Pernambuco, para dá continuidade ao projeto da RACC, com a segunda turma no mesmo ano em estados diferentes.
Na capital pernambucana, a ANF teve o apoio da Universidade Católica de Pernambuco- UNICAP e da Companhia de Eletricidade de Pernambuco- Celpe. E as articulações continuavam a todo vapor pelo nordeste e a rede de colaboradores foi se expandindo.
Em 24 de agosto de 2019, aconteceu a aula inaugural da turma da RACC, em Recife. O fundador da Agência de Notícias das Favelas- ANF, apresentou a história da agência e dá às boas-vindas aos novos agentes de comunicação comunitária.
Com a chegada da Agência de Notícias das Favelas- ANF, em Recife, foi possível iniciar novas articulações com instituições e coletivos sociais e integrar colaboradores dos estados da Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte e Piauí.
O trabalho da ANF teve outra ferramenta de comunicação inserida, em Recife, com a instalação do Minidoor Social.
“A ANF me apresentou o universo da comunicação comunitária como uma importante ferramenta para transformação social.Colaborar com a agência, me ajuda a aprender e, com isso, promover uma nova perspectiva de comunicação, um novo olhar, sobre os territórios periféricos e suas demandas, normalmente estereotipadas pela mídia tradicional e negligênciadas pelo poder público”, Suellen Barbosa, ex-aluna da RACC, premiada com uma bolsa integral para cursar jornalismo na UNICAP, atualmente é colunista da ANF.
Os novos colaboradores iniciaram suas produções para o portal e também para o jornal a Voz da Favela, através da edição de Salvador, que após os três meses de curso já recebia sugestões de pauta de outros comunicadores além de Salvador e do estado como todo.
Série continua no capítulo três.