Negros são alvo preferencial nos homicídios no país - Foto: Arthur Stabile/Ponte Jornalismo
Negros são alvo preferencial nos homicídios no país – Foto: Arthur Stabile/Ponte Jornalismo

Algumas empresas aproveitam o mês de novembro para obter mais lucros, buscando através do apelo midiático que o tema racial apresenta, e fazem disso seu “marketing antirracista”. A sociedade espera e necessita de posicionamentos contra o racismo de forma rotineira, não apenas em um período específico.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mesmo representando 55% da população, negros e pardos só ocupam 29,9% de cargos de chefia no país. E o motivo é o mesmo, esses espaços são dominados por brancos, com 68,6% do total.

A causa racial não pode ser vista como moda, mera tendência do momento, ou algo passageiro. Brigas acontecem, pessoas são discriminadas, torturadas, vidas negras são ceifadas, por consequência de um racismo estrutural. O tema racial é uma pauta cara, uma causa que diz respeito a vida humana. Algo de tamanha importância não pode servir para aumentar cifrões nas contas das empresas e celebridades. Vidas Negras Importam!

Recentemente, o movimento Vidas Negras Importam tem ocupado os espaços midiáticos, através das publicações de atitudes racistas ao redor do mundo, e essa exposição tomou conta das redes sociais. Foi e tem sido perceptível o aproveitamento que grandes marcas e empresas, que lucraram e não contribuem de nenhuma forma para o fortalecimento da  causa. Da mesma forma surgem as personalidades e influenciadores digitais, que nunca se mobilizaram em favor da luta antirracista e utilizam o movimento de combate o racismo como autopromoção.

Combatendo o racismo

Não basta apenas usar redes sociais, marcar pontos, garimpar likes, declarar-se favorável da luta. Será que de fato essas empresas estão são antirracistas? Quantas delas têm dentro do seu quadro funcional negros ocupando cargos de chefia? São pouquíssimas que trabalham com políticas de diversidade e oportunidade para a população negra. O posicionamento dessas empresas fica a desejar.

A sociedade precisa refletir. Falta protagonismo, falta legitimar as causas e lutas. Assusta o nível de simulação que as grandes marcas têm, um posicionamento falso que na maioria das vezes é apenas para ficar bem na foto, e na realidade, a postura aparente não é a mesma no dia a dia, principalmente dentro das organizações.

A população negra e suas pautas não podem aparecer para a sociedade apenas como objeto de pesquisa, de ser colocada em evidência única e exclusivamente no mês de novembro, por conveniência. A causa da consciência negra, a população negra precisa de representatividade, nas produções culturais, política, educação, destaques empresariais. Visibilidade e mais diversidade. O povo preto precisa de oportunidades para ocupar cargos de confiança e possibilidades de crescimento.

O mês de novembro, reconhecido como novembro negro, é o mês que registra no dia 20 de novembro o Dia da Consciência Negra. Repleto de manifestações, comemorações, alegrias e reflexões, período onde o povo preto celebra com fervor e irreverência, a sua resistência por anos de luta e sobrevivência. Neste mês, acontecem de forma mais enfáticas diversas atividades de conscientização sobre temas raciais como oficinas, workshops, encontros, é o momento de relembrar os acontecimentos importantes na luta pelos direitos da população negra, o mês do axé.

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