Antônio Edson Mariano tinha 63 anos e morava na Rocinha, na Zona Sul carioca. Morreu no dia 30 de março, a caminho do hospital, mas só anteontem, 8, saiu o resultado do exame que determinou a morte por coronavírus. A família ainda está revoltada.
Antônio esteve na Unidade de Pronto Atendimento no dia 27, diagnosticaram dor de barriga e ele voltou para casa. No dia seguinte voltou, já com febre, falta de ar e sinais de resfriado. O diagnóstico foi pneumonia e ele foi mandado para casa outra vez. No dia seguinte estava pior, mas ficou em casa e no dia 30 acordou pedindo socorro, não conseguia respirar. Levado às pressas para a Coordenação de Emergência Regional do Leblon, Antônio morreu na esquina, “quase chegando”, lembra a sobrinha Fabíola Mariano, que traduz o sentimento da família:
“Estamos muito chocados e revoltados ao mesmo tempo. A gente não deu um enterro digno para ele. A família é enorme, mas ninguém pôde se despedir”, desabafa. Além de Antônio, a esposa Maria Lúcia Moreira Mariano, 63 anos e diabética, e o filho mais velho, que pensava estar com dengue, testaram positivo e, logo após sua morte, foram internados e entubados na UTI.
O enterro de Antônio Edson Mariano seguiu os atuais protocolos de segurança, com caixão lacrado e sem velório. “A maior aproximação foi na hora de reconhecer o corpo, mas depois acabou. Chegamos no crematório, assinamos os papéis e eles já levaram o caixão”, conta Fabíola. Prometeram que o resultado do exame seria entregue 48 horas depois de sua morte, mas a data foi sendo adiada várias vezes até a quarta-feira, 8, dia em que foram confirmadas cinco mortes na Rocinha pelo coronavírus, entre elas a de Antônio.
(Com informações de Felipe Betim, do El País)