Apesar das liberações, igrejas e templos não se arriscam a cultos presenciais

Testemunhas de Jeová reunidas online em respeito ao isolamento social - Divulgação

Igrejas e templos de várias confissões religiosas adaptaram suas atividades à realidade da pandemia às recomendações sanitárias, relevando decisões políticas da administração pública que vive a dualidade “saúde ou economia”, traduzida na disposição de retomar as atividades ou seguir a determinação das autoridades de saúde de observar o isolamento social. Um exemplo da postura das entidades religiosas é o Congresso anual internacional das Testemunhas de Jeová, que este ano acontecerá durante seis dias em plataformas virtuais.

O Congresso anual tem como tema “Não perca a alegria”, despertando os congressistas para as razões de se manter de pé em meio a um momento tão difícil. O evento online terá início no próximo dia 11 e será composto de mais de 50 partes envolvendo discursos, leituras dramatizadas, entrevistas e vídeos curtos, que serão divididos nos seis dias de duração.

Outras instituições religiosas também respeitam o isolamento social, como a Federação das Religiões Afro-Brasileiras (Afrobras) disse em nota:

“Prezados associados, Babalorixás, Yalorixás, Dirigentes espirituais, chefes de terreiros:Diante da pandemia causada pelo coronavírus, orientamos aos responsáveis por templos religiosos que deverão suspender todas as atividades religiosas, dentre elas, em especial, as festas em homenagem aos nossos Orixás, festas e sessões umbanda e Exús, etc, bem como, evitar aglomerações de qualquer natureza. Salientamos que esta Federação não estará liberando licenças para estas atividades”.

Também por meio de nota, divulgada em 7 de abril, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reafirmou o seu compromisso em cumprir o que orienta os órgãos de saúde. As igrejas contiuam abertas apenas para orações individuais e as missas acontecem de forma virtual. “A Doutrina Social da Igreja ensina, com clareza a intocável harmonia e cooperação entre os Poderes, base constitutiva da República, garantia do Estado Democrático de Direito, o princípio de que é preferível que cada poder seja equilibrado por outros poderes e outras esferas de competência que o mantenham no seu justo limite. Este é o princípio do ‘estado de direito’, no qual é soberana a lei, e não a vontade arbitrária dos homens”, diz.

Igrejas evangélicas de denominações tradicionais em sua maioria também mantêm o isolamento social, com cultos, reuniões e estudos bíblicos pela internet, em lives. Por sua vez, as igrejas neopentecostais com atuação mais política do que religiosa e alinhadas ao governo federal seguem a orientação do presidente Jair Bolsonaro, em desobediência não só ao isolamento social como às medidas de proteção divulgadas.